Folha de S. Paulo


Polícia apura reunião suspeita entre cooperativa e deputado do PT

A polícia investiga uma reunião suspeita que teria ocorrido entre um deputado do PT, trabalhadores do transporte de São Paulo e supostos integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Nesse inquérito, há referência a uma ação policial em uma cooperativa de transportes, na mesma época, na qual participava como convidado o deputado estadual Luiz Moura (PT). De acordo com o boletim de ocorrência da ação (leia trechos abaixo), cerca de 40 pessoas se reuniam para "ajustar condutas teoricamente infracionais".

Entre os participantes, havia um homem procurado pela Justiça: Carlos Roberto Maia, conhecido como Carlinhos Alfaiate, "famoso ladrão de bancos", de acordo com o registro policial. O deputado, segundo o boletim, foi liberado ainda no local. A polícia não informou se ele é investigado. Procurado pela Folha, a assessoria de Luiz Moura disse que ele ainda não foi localizado nesta quinta-feira (21) para comentar o assunto.

O caso veio à tona após o bate-boca entre as gestões do prefeito Fernando Haddad (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no final da tarde desta quarta-feira (21) em programa ao vivo do apresentador José Luiz Datena, na TV Bandeirantes.

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto (PT), disse que a Polícia Militar estadual foi omissa na greve de motoristas e cobradores na capital paulista ao não garantir, de acordo com ele, o direito de ir e vir da população. "O que existe em relação à polícia é uma certa passividade em relação ao que acontece na cidade, particularmente na questão dos ônibus", disse Tatto.

Em resposta, o subsecretário estadual de Comunicação, Márcio Aith, revelou a presença, em março, de um deputado petista, aliado de Tatto, em reunião entre perueiros e supostos integrantes da facção criminosa PCC.

"A polícia poderia investigar muito mais se o deputado Jilmar Tatto tivesse feito o trabalho dele. Respondido ao ofício e chamado a atenção do colega deputado dele para que não comparecesse a locais que não são recomendáveis a qualquer pessoa pública", disse Aith. "Ele é o primeiro a dizer que a polícia é truculenta e se excede, mas quando interessa a ele barrar uma investigação, como de fato ele barrou, ao não responder o delegado, ele fica quieto", criticou.

Tatto disse que não teve conhecimento da reunião. "Eu tenho responsabilidades, falo por mim", disse. Ele negou que tenha obstruído a investigação e disse que a relação das empresas solicitada pela polícia está no site da SPTrans.

"Não me parece adequado, num momento desses, tentar imputar a mim qualquer atitude, ação de atrapalhar investigação. Ao contrário, estou inteiramente à disposição", disse o petista. "Só quero crer que não seja um desespero por parte deles [do governo estadual]que estão tendo dificuldade de apurar o que está acontecendo", continuou.

Aith acusou também Tatto de dificultar investigação da Polícia Civil sobre ataques a ônibus neste ano, quando 75 veículos foram incendiados em uma série de protestos. Segundo ele, em março, a polícia solicitou diretamente a Tatto a relação de empresas que atuam no setor de transportes público. Esse pedido, diz Aith, não foi atendido.

Editoria de Arte/Folhapress

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