Folha de S. Paulo


Haddad afirma que não vai negociar com motoristas grevistas

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quinta-feira (22) que não irá intermediar negociação entre motoristas e patrões, e que não pretende receber os grevistas dissidentes.

O prefeito avaliou que a questão foi "judicializada" e que foi orientado pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias, que se esperasse o resultado de audiência de conciliação, que será realizada nesta tarde, entre os sindicatos patronal e trabalhista na Justiça Regional do Trabalho.

"Depois da reunião com a delegacia regional do trabalho, a questão foi judicializada e a Justiça expediu uma liminar garantindo o serviço público", afirmou. "O ministro do Trabalho me ligou e falamos ontem e hoje sobre essa questão da judicialização. Ele próprio orientou nesse sentido, que nós centrássemos a atenção na audiência pública", acrescentou.

A cidade de São Paulo enfrentou dois dias de intensos protestos nesta terça e quarta. Motoristas exigem até 33% de reajuste salarial. As empresas se recusam porque já deram um reajuste de 10%, percentual aceito pelo sindicato da categoria. Cerca de 1 milhão de usuários ficaram sem ônibus com a paralisação.

Nesta quarta, houve um inicio de negociação entre dissidentes e patrões, intermediado pelo superintendente regional do Trabalho, Luiz Antonio Medeiros. Ficou acertado que os grevistas retomariam o trabalho nesta quinta, a partir da 0h. Parte dos motoristas, porém, continuou de braços cruzados por não aceitarem o acordo.

Segundo a Folha apurou, o diagnóstico da prefeitura é de que uma concessão aos dissidentes, inclusive a de recebê-los em reunião com o prefeito, poderia abrir brecha para outros grupos grevistas reivindicarem o mesmo, como os professores municipais.

Apesar disso, por volta das 10h30, duas assessoras da prefeitura pediram aos grevistas que estão no prédio que esperassem mais meia hora. Elas tentavam resolver o impasse do encontro com Haddad.

Ao verem que não seriam recebidos pela prefeitura, o grupo de cerca de 50 dissidentes se dirigiu à Delegacia Regional do Trabalho, onde acontecerá nova reunião com o superintendente Medeiros, marcada para as 13h30.

Segundo o prefeito, "não se pode admitir" que pessoas armadas entrem em ônibus e retirem os passageiros do veículo. Segundo a prefeitura, apenas na quarta-feira, pelo menos 15 ônibus foram parados por homens armados na zona sul da capital paulista. "Isso não é admissível em São Paulo", criticou, depois de participar de evento promovido pelo jornal "Valor Econômico".

Em resposta à troca de farpas entre membros dos governos municipal e estadual em relação ao papel da Polícia Militar no primeiro dia de protestos, o prefeito defendeu que se coloquem os interesses da sociedade "acima de interesses político-partidários". Segundo ele, "não é bom esse jogo de empurra". "Vamos colocar os interesses da sociedade acima dos interesses politico-partidários. Isso não interessa a ninguém", criticou.


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