Folha de S. Paulo


Após censura à PF, delegados chamam Janot de 'censor da República'

A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) divulgou uma nota pública nesta quarta-feira (21) em que chamou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "censor geral da República".

A crítica diz respeito a um pedido feito por Janot e acatado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, que impediu a PF de divulgar informações sobre a execução da Operação Ararath.

Deflagrada ontem, a quinta fase da operação investigou o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), que acabou recebendo voz de prisão por ter uma pistola em sua casa com o registro vencido. Também foram alvos deputados estaduais e membros do Ministério Público de Mato Grosso.

"O que seria capaz de transformar o chefe do Ministério Público da União em um verdadeiro 'Censor Geral da República'. Também é preciso ficar mais claro, os reais motivos que levam um ministro da mais alta corte brasileira aceitar os argumentos do Ministério Público Federal e impedir que a imprensa, seja devidamente informada sobre o trabalho da Polícia Federal".

Normalmente, após as operações, a PF promove uma coletiva de imprensa em que explica quantos mandados foram cumpridos e que crimes foram combatidos. A ADPF acredita que ser impedida de seguir com o procedimento foi "a mais contundente violência sofrida pela instituição desde a redemocratização do país".

"Ao que parece, a 'lei da mordaça', tão combatida pelo próprio Ministério Público, passa a ser defensável quando a vítima é a Polícia Federal do Brasil, uma instituição republicana, que sempre busca desenvolver suas missões com seriedade, eficiência e transparência, independente de quem esteja envolvido, direta ou indiretamente, com o crime".


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