Folha de S. Paulo


Com transposição atrasada, viaduto em PE passa por cima do 'nada'

O atraso nas obras da transposição do rio São Francisco proporciona situações pitorescas ao longo dos 477 km dos dois canais que um dia, segundo o governo, devem levar água a 12 milhões de sertanejos de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Em Cabrobó (a 531 km do Recife), por exemplo, o governo federal inaugurou um viaduto na BR-428 que passa por cima do "nada". A presidente Dilma Rousseff deve visitar a cidade na tarde desta terça-feira (13).

O viaduto recém-liberado para o tráfego de veículos que cruzam o sertão pernambucano foi construído para que o canal do "eixo norte" da obra, cheio de água, cruzasse a rodovia.

No entanto, como as obras chegaram a ficar paradas, ainda não existe canal sob o viaduto. O corte na terra já foi aberto, mas a obra com placas de concreto é interrompida a alguns metros do elevado e é retomada alguns metros depois.

A Folha esteve no local na manhã desta terça-feira (13) e encontrou apenas um rolo compactador fazendo terraplenagem.

A conclusão de toda a obra, prevista inicialmente para 2012, foi remarcada para dezembro de 2015. A construção dos 477 km de canais é a mais cara ação federal de combate aos efeitos da seca no Nordeste.

Em 2007, durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a obra começou orçada em R$ 4,6 bilhões (valor da época). Hoje, já custa R$ 8,2 bilhões.

Em Cabrobó, o canteiro de obras funciona 24 horas por dia desde o segundo semestre do ano passado. O município integra o trecho chamado de "Meta 1N", que vai até Jati (CE), onde a presidente também deve ir nesta terça-feira (13).

Este trecho tem 140 km e é tocado pelas empreiteiras Carioca/Serveng/S.A. Paulista, Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A.

OUTRO LADO

O Ministério da Integração Nacional informou que, sob o ponto de vista técnico, as obras da transposição "não poderiam concluir o canal sem antes terminar a ponte".


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