Folha de S. Paulo


Justiça da Suíça bloqueia bens de ex-diretor da CPTM

O ex-diretor de engenharia da CPTM Ademir Venâncio e a mulher dele tiveram cinco contas bancárias bloqueadas na Suíça em razão da origem suspeita dos recursos. A informação foi transmitida pelo Coaf (órgão de fiscalização do Ministério da Fazenda) ao Ministério Público.

Em depoimento sigiloso à Promotoria, o ex-diretor de sistemas de transportes da multinacional alemã Siemens Jan Orthmann afirmou que a empresa de Venâncio, a Focco, esteve envolvida no esquema de formação de cartel e pagamento de propinas em concorrências públicas de trens entre 1998 e 2008 em São Paulo, em sucessivos governos do PSDB.

Além de serem investigados por promotores e procuradores da República, Venâncio e o ex-sócio dele, João Roberto Zaniboni, já foram indiciados no ano passado pela Polícia Federal sob a acusação de participação em atos de corrupção nas licitações da CPTM e do Metrô.

Segundo o relato do Coaf ao Ministério Público, as autoridades suíças iniciaram uma investigação sobre Venâncio em janeiro último.

Depois do surgimento das suspeitas sobre a origem do dinheiro em cinco contas de Venâncio e da mulher dele, três delas no Credit Suisse, as autoridades bloquearam os valores. A informação do Coaf não especifica o montante sequestrado na Suíça.

Com base nessa informação, o Ministério Público incluiu Venâncio em um pedido de dados encaminhado aos suíços há três semanas sobre 20 pessoas e empresas que podem estar ligadas ao esquema de suborno.

Zaniboni, ex-sócio de Venâncio na Focco, também foi diretor da CPTM entre 1999 e 2003 e é suspeito de ter recebido na Suíça US$ 836 mil em propinas para favorecer a multinacional Alstom em contratos da estatal de trens.

O criminalista Luiz Fernando Pacheco, advogado de Venâncio, diz que o cliente dele nunca teve conta na Suíça. Pacheco também defende Zaniboni e afirma que os US$ 836 mil recebidos pelo ex-diretor da CPTM resultaram de consultoria que ele prestou antes de ingressar na estatal de trens paulista.


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