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Padilha diz que, se eleito, aumentará subsídio ao transporte público

Rodrigo Capote/Uol
O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha
O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha

Em sabatina promovida pela Folha, portal UOL -ambos do Grupo Folha-, SBT e rádio Jovem Pan nesta terça-feira (6), o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo Alexandre Padilha prometeu aumentar, caso eleito, o subsídio à tarifa do sistema de trens e metrô no Estado.

Sob pressão popular, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou o reajuste da tarifa de trens e metrô em 2013, recuando do valor de R$ 3,20 para R$ 3. Desde então, o preço da passagem segue congelado neste valor. O mesmo foi feito pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em relação às tarifas de ônibus.

Confira a sabatina com Alexandre Padilha (PT)

Questionado se pretenderia manter essa política frente à necessidade de ampliação de investimentos na rede metroviária, Padilha disse que vai aumentar o subsídio para o transporte público no Estado.

"Nós vamos implantar o bilhete integrado único, que junta CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos], metrô e a EMTU [Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos]. Isso vai significar colocar mais subsídio. Porque, em primeiro lugar, está o trabalhador que precisa do transporte", explicou o petista.

Para Padilha, o aumento do subsídio à tarifa e a ampliação da rede são investimentos distintos, e que um não impede o outro. "Os contratos já são feitos por PPP [Parceria Público-Privada], precisa ampliar a capacitação de recursos", disse.

Nas parcerias público-privadas, a administração estadual firma um contrato com um agente privado para construção de obras e é pago pelo governo ou numa combinação entre tarifas cobradas dos usuários com recursos públicos. Esse é o modelo de gestão utilizado nas atuais ampliações da rede ferroviária de São Paulo.

Os jornalistas Ricardo Balthazar, editor do caderno "Poder" da Folha, Josias de Souza, blogueiro de política do UOL, Patrick Santos, da Jovem Pan, e Fabio Diamante, repórter do SBT, conduziram a entrevista. Essa é a primeira de uma série de sabatinas que a Folha realizará este ano com seus parceiros. O próximo a ser sabatinado será o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). O evento está marcado para o dia 13 deste mês.

Também pré-candidatos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Paulo Skaf (PMDB) já foram convidados para eventos semelhantes, mas não confirmaram presença oficialmente.

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SABESP

Padilha também criticou a Sabesp, dizendo que a empresa não fez os investimentos necessários para evitar o racionamento de água no Estado de São Paulo.

"Só a Sabesp lucrou R$ 2 milhões. Se ela tivesse investido todo esse dinheiro nas obras que precisavam ser feitas, isso não estaria acontecendo. A Sabesp foi irresponsável", disse Padilha.

O petista também criticou Alckmin e disse que faltou transparência do governo. "Aqui em São Paulo já tem redução [no fornecimento] desde dezembro. Se eu fosse governador já teriam sido executadas as obras que estão há dez anos paradas. O racionamento já existe em São Paulo."

"O Estado assumiu responsabilidade, mas nenhuma obra saiu do papel para reduzir a dependência de Cantareira. Desde 2004, é um tema persistente. Aloizio Mercadante [candidato petista ao governo do Estado em 2010], quando candidato, pautou esse tema. A ANA (Agência Nacional de Águas) apontou, em 2004, que pera preciso realizar obras para evitar a dependência do Cantareira", concluiu Padilha.

Em queda constante desde o começo do ano, o nível do sistema Cantareira ficou pela primeira vez na história abaixo dos 10% nesta terça-feira (6). De acordo com o relatório diário da Sabesp, divulgado na manhã de hoje, o manancial opera com 9,8% de sua capacidade total - índice considerado crítico. O local onde está o reservatório passa pela pior estiagem dos últimos 84 anos, o que agrava ainda mais o quadro do sistema.

Ao ser questionado sobre a transferência de água do rio Paraíba do Sul para o sistema Cantareira, Padilha disse que é preciso fazer um regime de obras em outras áreas. "Qual é a grande precariedade dessa proposta, feita pelo governador: é tirar água de um lugar que tem o mesmo regime de águas do sistema Cantareira. É preciso fazer um regime de obras em outras áreas", afirmou.

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PCC

Em relação a segurança pública, Padilha afirmou que o PCC (Primeiro Comanda da Capital) é uma facção criminosa e defendeu que a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo faça mais parcerias.

"O PCC é uma facção criminosa. Nós temos que ter coragem de enfrentar o PCC. Temos que enfrentar o PCC e qualquer outra facção criminosa, e isso só é possível se tiver parceria com o governo federal. O PCC tomou conta dos presídios", disse o pré-candidato.

O ex-ministro disse ainda que o governo de SP é pouco proativo para realizar parcerias. "Defendo que a Segurança Pública de São Paulo faça parceria. O governo de SP é pouco proativo para firmar parceria. Para cocaína sair da Bolívia, para as armas entrarem no Brasil, elas passam pelas divisas de São Paulo. Não pode se negar a fazer cooperação. A Polícia Federal é um modelo de política."

Em relação ao sistema prisional, o petista lembrou ainda a fala do presidente do TJ-SP, José Renato Nalini, de que há pessoas presas que poderiam ter penas alternativas.

"Tem pessoas que estão presas que não precisariam, poderiam ter penas alternativas. Dentro dos presídios, elas viram mão de obra para o PCC. E para levar presídios para o interior, é preciso conversar com os municípios. Tem que haver compensação financeira, na área da saúde, por exemplo. Onde vai presídio, tem que ir hospital, investimento na educação. E de oportunidades para a juventude. É preciso investir nelas", concluiu o petista.

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LABOGEN

Questionado sobre a parceria firmada entre o Ministério da Saúde e o laboratório Labogen, Padilha, que é ex-ministro da pasta, disse que criou filtros para evitar irregularidades em sua gestão e que o fato de que a instituição era de fachada viria à tona em etapas posteriores da parceria.

"A vistoria é feita depois. O que é apontado no termo? Que só poderia progredir um contrato se apresentasse um relatório da vigilância sanitária, em que chegam os equipamentos, as estruturas de produção", explicou o petista.

A parceria entre o Labogen e o Ministério da Saúde foi intermediada pelo deputado André Vargas (sem partido-PR), que se desfiliou do PT após a revelação de que o laboratório era controlado pelo doleiro Alberto Youssef, preso em março e acusado de participar de esquema bilionário de lavagem de dinheiro. A parceria foi cancelada pela pasta a pedido de Padilha, que nega qualquer relação com o doleiro.

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