Folha de S. Paulo


Aécio e Campos têm prioridades distintas na esfera econômica

Com críticas semelhantes à gestão econômica governo Dilma Rousseff, os dois principais pré-candidatos de oposição à Presidência, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), aproveitaram um encontro de empresários na Bahia para reforçar propostas que começam a diferenciar os projetos de cada um.

Diante de dirigentes de bancos e grandes empresas do setor produtivo, no 13º Fórum de Comandatuba, Aécio foi aplaudido ao reforçar seu compromisso de apresentar um projeto de reforma tributária já nos primeiros meses de seu governo, se for eleito.

"Quanto mais rápido, melhor. Vamos debater e apresentar um projeto ao Congresso Nacional no primeiro semestre do ano que vem, já negociado para aprovação."

Já Eduardo Campos promete entregar uma reforma tributária "de nível internacional" em oito anos. O presidenciável do PSB afirmou que os ajustes monetário e fiscal devem ser o ponto de partida para esse projeto.

"Esse é o processo para reduzir a carga tributária do Brasil, e não uma desoneração feita no balcão, sem nenhuma estratégia. Um processo conduzido dentro de um projeto de nação e não dentro de espasmos diante de uma crise", disse.

Apesar de Aécio apresentar uma meta mais ousada que a de Campos para a reforma tributária, os papéis se invertem quando o tema é o controle da inflação. O pré-candidato do PSB defende a redução da meta de inflação para 3% ao ano até 2019, numa tentativa de conquistar a confiança dos investidores.

Aécio prefere ser mais cauteloso: "No nosso governo, a inflação será buscada no centro da meta [4,5% ao ano hoje]. Obviamente a partir daí há espaço para sua redução, mas o objetivo atual é tirar o foco da banda de cima da meta [de 2 pontos percentuais acima do centro da meta]".

CONSELHO FISCAL

Campos também anunciou no seminário que pretende criar, se eleito, um conselho de responsabilidade fiscal com o objetivo de monitorar as contas públicas do país, evitar a maquiagem de dados e dar mais transparência aos gastos do governo.

"O Brasil precisa constituir seu conselho de responsabilidade fiscal, da mesma forma que temos agências reguladoras em diversas áreas e temos a regulação do sistema financeiro, com o Banco Central", disse o ex-governador.

O pré-candidato do PSB disse que uma das tarefas do grupo, com integrantes da sociedade civil, seria dar maior transparência a incentivos fiscais e outros benefícios concedidos pelo governo federal.

"Precisamos ter controle da sociedade sobre as contas públicas e precificar cada decisão que o governo toma. A clareza sobre os números precisa vir com compromisso. A governança fiscal do Brasil precisa do controle de um bloco empoderado, como o Banco Central", disse Campos.

Aliados dos dois pré-candidatos apontam que um embate entre os dois por uma vaga no segundo turno é considerado inevitável, mas a dupla tenta manter um ambiente de boa convivência. "Não consigo ver o Eduardo como meu adversário", disse Aécio.

O jornalista BRUNO BOGHOSSIAN viajou a convite da organização do 13º Fórum de Comandatuba.


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