Folha de S. Paulo


Dilma cogita dar cargo a Lula na campanha

Em uma tentativa de abafar o movimento "volta, Lula", a presidente Dilma Rousseff avalia convidar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a função de coordenador formal de sua campanha à reeleição.

Segundo a Folha apurou com interlocutores da dupla, a ideia tem sido discutida há semanas na coordenação da campanha e é vista como uma forma de atenuar o coro pela substituição da presidente por seu antecessor na eleição de outubro.

Há uma expectativa entre auxiliares do Planalto de que Dilma e Lula conversem hoje antes do encontro nacional do PT, em São Paulo. Eles tratariam, entre outros temas, da proposta, que tem aval de integrantes da coordenação.

Antes, estava acertado que o ex-presidente teria papel central na campanha petista, mas não num cargo formal. Com a participação efetiva no grupo, auxiliares de Dilma dizem acreditar que ficará "mais claro" o empenho dele para eleger sua sucessora.

Além disso, a medida representaria um afago aos defensores da volta de Lula. Com o novo posto, ele falaria em nome da presidente tanto nas promessas para um novo mandato como nos acordos com as siglas aliadas, diz um interlocutor palaciano.

Hoje, durante a abertura do evento do PT, a dupla vai passar uma imagem de união para a militância da sigla. Dilma deverá ser confirmada como candidata, cabendo à convenção nacional de junho ratificar a decisão tomada.

Nesta semana, parte do PR, partido da base governista com um ministério na Esplanada, anunciou publicamente a preferência por uma candidatura do ex-presidente.

O ato motivou declarações de Dilma de que sua relação com Lula é baseada em lealdade, como ocorreu em um jantar com jornalistas esportivos na última segunda. "Nada me separa dele e nada o separa de mim. Sei da lealdade dele [Lula] a mim, e ele da minha lealdade a ele", afirmou a presidente.

DIRETRIZES

No evento do PT, que vai até amanhã, os participantes debaterão um texto com diretrizes para o programa de governo de Dilma, redigido pelo assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. O documento ainda critica as oposições, que, para os petistas, "estão estagnadas, sem discurso consistente, sem programa".

"Sua paralisia é decorrência do caráter regressivo e reacionário das poucas propostas que têm apresentado. Não escondem a disposição de abandonar as políticas de emprego e de renda dos governos Lula e Dilma".

Além disso, o texto diz que ataques dos adversários à Petrobras e à Eletrobras evidenciam uma "nostálgica fidelidade às políticas privatistas que aplicaram no passado". O documento ainda deve passar por modificações durante o encontro petista.


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