Folha de S. Paulo


'Apresentar crítica é uma coisa, proposta é outra', diz ministro sobre Campos

O ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) afirmou nesta quarta-feira (30) que "apresentar crítica é uma coisa, apresentar proposta é outra", em relação às declarações feitas pelo pré-candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB-PE) quanto às alianças do governo Dilma Rousseff com a família Sarney.

No último domingo, o pré-candidato ao Planalto, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), disse que, em sua eventual eleição, mandará o senador José Sarney (PMDB-AP) para a oposição.

"Eu serei presidente da República e respeitarei, sim, o presidente [José] Sarney, mas no meu governo ele [Sarney] vai ser oposição nos quatro anos. Porque acho que o Brasil precisa de um presidente que olhe no olho de cada homem e diga: a fartura em Brasília acabou", disse Campos.

"Eu acho engraçado quando o Eduardo, sempre uma pessoa muito pragmática na política –sempre tivemos uma relação muito boa com ele–, apresentar críticas a pessoas que estão aliadas conosco sem olhar as alianças que ele vem fazendo. Dois exemplos, pessoas que vieram da oposição a ele e ao nosso projeto, e que estão se aliando taticamente a ele neste momento, como [o ex-senador Jorge] Bornhausen e Heráclito Fortes", declarou o ministro nesta quarta.

Quando questionado a respeito da diferença de discurso que Dilma poderá adotar durante a campanha contra seus dois principais adversários, disse: "Primeiro, é bom lembrar que o Eduardo participou de uma parte grande do governo. (...) Além disso, ele tem, entre os vários motivos, para que ele tenha condições de ser candidato a presidente, a grande quantidade de investimentos federais visto no Estado de Pernambuco nesses anos, que é para o povo de Pernambuco, não para quem governa".

No mesmo tom, também disparou contra declaração recente do pré-candidato Aécio Neves (PSDB-MG), que, a empresários, admitiu que adotaria, em seu eventual mandato, "medidas impopulares".

"Eu acho que um governante de fato não deve ter medo de medidas difíceis, mas, quando eu lembro do governo Fernando Henrique e que ele foi líder do PSDB e foi presidente da Câmara, quando ocorreram grandes malefícios aos trabalhadores, eu tenho a certeza de que, quando ele fala em medidas impopulares, ele sabe do que ele está falando", disse Berzoini.

Durante café com jornalistas no Palácio do Planalto, o ministro também tratou de temas como a retomada do movimento "Volta, Lula", liderado por aliados críticos da gestão Dilma, além da crise de interlocução com a base e da instalação da CPI da Petrobras no Congresso.

"VOLTA, LULA"

Berzoini minimizou a movimentação de partidos aliados que defendem a substituição da candidatura petista ao Planalto neste ano pela do ex-presidente Lula. Segundo ele, o "volta, Lula" é "minoritário no âmbito político", tanto dentro quanto fora do PT.

"O sentimento do 'volta, Lula' é uma sentimento que tem uma base real, porém minoritária no âmbito político, porque as pessoas sabem, muito além de qualquer discussão de apreço pelo Lula e pela presidente Dilma, está uma discussão de estratégia política", disse.

"A presidenta Dilma tem o direito da reeleição e certamente vai exercer esse direito com o apoio do PT e de outros partidos. Não é razoável que entremos em um debate em que não tem muito senso prático –com todo respeito àquelas pessoas que defendem o 'volta, Lula'."

O ministro disse também que, a despeito do discursos de partidos que orbitam o governo de que podem acabar não apoiando a candidatura de Dilma, o PT espera uma coalizão grande para elegê-la. "Nós temos uma grande coalizão de governo. Há uma participação efetiva dos partidos da base tanto do ponto de vista da política, quanto da administração", disse.


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