Folha de S. Paulo


Frear queda nas pesquisas é prioridade para Dilma

Os sinais preocupantes extraídos das pesquisas e sondagens eleitorais fizeram a cúpula da pré-campanha de Dilma Rousseff mudar de estratégia: em vez de trabalhar para fazê-la voltar a crescer, o importante agora é estancar a queda da presidente.

Integrantes do governo e do PT já não escondem alguma apreensão no front eleitoral. Nos bastidores, enxerga-se pouca "margem de manobra" para combater não só o declínio nas sondagens eleitorais, mas o sentimento "difuso" de pessimismo que hoje atinge uma boa parte do eleitorado.

Há viés de baixa na avaliação das principais áreas da administração dilmista.

Com isso, desencadeou-se uma cobrança para que a presidente reaja no discurso e politize as suas falas públicas. Por conta disso, Dilma foi convencida a fazer o mais ofensivo de seus pronunciamentos nos últimos tempos.

Alan Marques - 22.abr.2014/Folhapress
Dilma Rousseff fará um pronunciamento em rede nacional de televisão no Primeiro de Maio
Dilma Rousseff fará um pronunciamento em rede nacional de televisão no Primeiro de Maio

Ela fará uma mensagem presidencial em rede nacional de rádio e televisão por ocasião do Primeiro de Maio, Dia do Trabalho, na próxima quinta-feira.

Trata-se da última janela na televisão antes do horário eleitoral gratuito, em agosto, e, por isso, a derradeira oportunidade de "mostrar o que o governo está fazendo", como dizem seus interlocutores, para uma grande audiência.

PRIMEIRO TURNO

A última pesquisa do Datafolha, realizado nos dias 2 e 3 deste mês, registrou uma queda de seis pontos percentuais desde fevereiro para Dilma, que desceu de 44% para 38% nas intenções de voto.

Além disso, 63% dos brasileiros disseram que a presidente fez pelo país menos do que eles esperavam.

Apesar disso, a sondagem aponta que ela continua na liderança e ainda seria reeleita no primeiro turno.

Nos cálculos internos, a petista voltará a crescer com a propaganda oficial. Seu trunfo é o horário eleitoral na TV: o tempo de propaganda projetado para Dilma representa cerca do dobro da soma de seus dois principais adversários, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB-PE). A distribuição ainda será anunciada pela Justiça Eleitoral.

O marqueteiro João Santana prepara um discurso que passa longe dos tradicionais balanços. O partido de Dilma quer ver exposto o contraponto entre o projeto do PT e o do PSDB. Por ora, os dois maiores desafios da administração são a inflação e as críticas à realização da Copa no Brasil.

Sobre o segundo item, a equipe da presidente adota, internamente, um discurso pragmático: o governo, no máximo, "empata" em relação ao evento.

Há, nas avaliações feitas reservadamente, o diagnóstico de que dificilmente o Executivo consiga melhorar sua aprovação com o campeonato, alvo de críticas disseminadas na população, sobretudo em relação aos gastos com a realização do Mundial.

FÔLEGO ELEITORAL

O Datafolha detectou, também no início deste mês, que chegou ao mais baixo nível o índice dos que são favoráveis à realização da Copa –48%, quatro pontos a menos do que no levantamento realizado em fevereiro.

Para petistas, Dilma precisa organizar a militância, até agora dormente em parte pelo movimento "volta, Lula", que prega o retorno do ex-presidente à disputa eleitoral, mas também insatisfeita com o estilo da candidata à reeleição.

Para integrantes da pré-campanha, é muito difícil que Dilma não recupere fôlego a partir do horário eleitoral, em agosto.

O Palácio do Planalto avalia que a imprensa alimenta o pessimismo no eleitorado. Daí a necessidade de lançar mão de meios de comunicação direta com a população.

Apesar das dificuldades na área econômica, setor em que o governo federal reconhece que há pouco a fazer a não ser administrar as expectativas, a defesa interna é de que a atual gestão tem o que mostrar durante a campanha.


Endereço da página: