Folha de S. Paulo


'Aquela turma' vai descer a rampa do Planalto, diz Campos

O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência da República, disse nesta quarta-feira (23) que integrantes da base aliada de Dilma Rousseff irão "descer a rampa" do Planalto caso ele vença as eleições de outubro.

Em entrevista à rádio CBN de Cascavel (PR), ele não mencionou a quais pessoas ou partidos se referia. Chamou o grupo apenas de "aquela turma".

"A gente tem que partir já avisando: quando nós chegarmos lá, vocês saem, viu? Nós vamos subir a rampa no dia 1º de janeiro, e eles descem", afirmou, repetindo o discurso de que pretende derrotar a "velha política" no pleito. "É preciso que apareça coisa nova, como eu e a Marina [Silva] estamos aparecendo, que diga: 'nós não vamos governar com aquela turma. Vamos botar aquela turma na oposição'."

Segundo Campos, esse grupo teria "cercado" os governos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e do petista Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), até conseguir "mandar mesmo" na atual gestão.

"Eles cercaram o Fernando Henrique e foram para o governo, começaram a mandar cada dia mais. Chegou o Lula, eles demoraram mais um pouco, mas foram pra perto, daqui a pouco estavam dentro. Chegou a Dilma, a gente imaginou que ela ia botar um bocado deles para fora, porque era durona, não era da política, e pelo contrário: agora que eles estão mandando mesmo", declarou.

O pessebista voltou a defender a redução do número de ministérios (atualmente são 39) e a criticar a distribuição de cargos entre siglas aliadas. Ele afirmou que em seu eventual governo nem mesmo o PSB poderá exigir o comando integral de uma pasta.

"Não vai ter ministério para partido chamar de seu, e o primeiro que tem que dar exemplo é o meu partido. Porque se ele quiser, os outros vão querer também. Aí não tem 39 ministérios que dê jeito. Vai ter que ir para 40, 50", disse.

Atualmente na oposição, o PSB de Campos foi da base do governo Dilma até setembro do ano passado, quando ocupava duas pastas: Integração Nacional e Secretaria dos Portos. O partido também comandava órgãos e empresas estatais como a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e a Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste).

Após romper com o PT e se aliar, em outubro, à ex-senadora Marina Silva, que será vice em sua chapa, o ex-governador intensificou o discurso sobre a "nova política". Em Pernambuco, no entanto, seu partido se aliou a líderes políticos tradicionais, como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), o deputado Inocêncio Oliveira (PR) e o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP).


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