Folha de S. Paulo


Aécio diz que depoimento de Foster não dispensa necessidade de CPI

Provável adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta terça-feira (15) que o depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado não esgota a necessidade de instalação da CPI da Petrobras.

Apesar de não ter participado da audiência, Aécio disse que as explicações da presidente da Petrobras deixam "claro" que maiores investigações têm que ser realizadas. "A presidente Graça é uma mulher respeitável, não é ela que está em xeque. Mas temos que nos empenhar ainda mais pela instalação da CPI. Ela deixou claro que a compra de Pasadena foi um mal negócio. Se apurado que houve dolo, as pessoas têm que ser punidas", afirmou.

Aécio disse que não participou da audiência com Foster –embora estivesse no Senado durante o depoimento –para não ser acusado de usar o seu depoimento como "palanque eleitoral". O tucano disse que vai deixar para debater com a "chefe"de Foster –a presidente Dilma Rousseff –o tema Petrobras durante a campanha ao Palácio do Planalto.

"Eu tive um certo cuidado para não mostrar que esse é um tema eleitoral. Estou me preservando para o grande debate que pretendo ter com a chefe dela. Eu estava muito bem representado lá", afirmou Aécio.

Em defesa do depoimento de Foster, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a presidente da Petrobras "convenceu a todos" que está realizando uma "rigorosa investigação interna". Mas disse que o depoimento não exclui a CPI, se essa for a vontade dos senadores.

"Ela [Graça] convenceu a todos de que está procedendo uma rigorosa investigação interna, colaborando com a Polícia Federal. A investigação política é adicional, extraordinária, é uma decisão política", afirmou Renan.

O senador Pedro Taques (PDT-MT), do grupo dos "independentes" do Senado, defendeu a instalação da CPI ao afirmar que Foster não respondeu a todos os questionamentos sobre a Petrobras. "Ela diz que a compra de Pasadena não foi um bom negócio, mas precisamos saber porque não foi. Isso precisamos esclarecer", afirmou.

DEPOIMENTO

Em depoimento no Senado, Foster disse nesta terça-feira (15) que "não existe operação 100% segura" ao se referir à polêmica compra da refinaria de Pasadena (EUA) e defendeu a posição da presidente Dilma Rousseff de que o resumo executivo que baseou a aquisição era incompleto.

Foster admitiu a senadores da oposição que a aquisição "não foi um bom negócio".

"Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio. Não pode ser um bom negócio quando você tem que tirar do seu resultado. Não há como reconhecer na presente data que você tenha feito um bom negócio. Não foi um bom negócio, isso é inquestionável do ponto de vista contábil. O projeto transformou-se em um projeto de baixa probabilidade de recuperação do resultado", afirmou.

A presidente da estatal também criticou o resumo executivo apresentado pelo então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, ao Conselho de Administração da estatal, presidido na época por Dilma.

Ela, porém, voltou a defender que, naquele contexto, a aquisição da refinaria, feita em 2006, era vantajosa, mas admitiu que houve perdas para a estatal. Citou, por exemplo, que naquela época ainda não existia o pré-sal e que havia uma orientação do conselho de administração para ampliar as atividades de refino fora do Brasil.


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