Folha de S. Paulo


PT de Pernambuco acusa Campos de 'traição'

O PT de Pernambuco quer emplacar em Eduardo Campos o rótulo de "traidor".

A estratégia, que vale tanto para a campanha à reeleição de Dilma como para a disputa estadual, repetirá que o ex-governador pernambucano, do PSB, traiu os petistas ao encerrar uma aliança de quase sete anos para se lançar candidato à Presidência da República.

"Essa impressão não é coisa nossa, é do próprio eleitorado. Quem pulou do barco não fomos nós. O Lula acreditava piamente que Eduardo iria apoiar Dilma", diz o ex-prefeito do Recife João Paulo Lima, pré-candidato do PT ao Senado.

Em 2010, quando foi apoiada por Campos, Dilma alcançou 61% dos votos pernambucanos no primeiro turno —vantagem que, com a dupla em lados opostos, fica ameaçada neste ano.
Além do rótulo que pretende colar no adversário, o PT aposta na imagem do ex-presidente Lula, nascido no Estado, para enfrentar Campos em seu reduto eleitoral.

REAÇÃO

"Eles não venham falar em traição a quem esteve com o Lula em suas três derrotas e suas três vitórias", reage o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS). "Não organizamos um partido para ficar pedindo voto a vida inteira para outro. Uma coisa que aprendemos com o Lula foi o protagonismo", diz.

Outra estratégia do PT será creditar as realizações do governo pernambucano, que era comandado por Eduardo Campos até o início deste mês, aos investimentos das gestões de Lula e Dilma no Palácio do Planalto.

Os petistas esperam contar com Lula em Pernambuco a partir de maio. "Ele não queria vir enquanto Eduardo ainda estivesse na cadeira de governador, mas agora está liberado", afirma João Paulo.

O roteiro imaginado pelo PT local inclui atos com Lula na região metropolitana do Recife, no agreste e no sertão. Segundo a secretária de Coordenação Regional do PT nacional, a pernambucana Vivian Farias, Lula quer "muito" fazer "campanha olho no olho" em Pernambuco.

Ao mesmo tempo em que pretendem capitalizar ao máximo as eventuais visitas do ex-presidente, os petistas esperam tirar vantagem do fato de que Campos, em campanha para o Planalto, não poderá se dedicar completamente à eleição local.

O candidato do PSB ao governo de Pernambuco será o ex-secretário estadual Paulo Câmara. "Eduardo não vai poder carregar esse cara como gostaria, ou precisaria", diz o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

O PT apoiará Armando Monteiro Neto (PTB) para governador, com João Paulo Lima para o Senado. A chapa formada pelo ex-prefeito, que foi metalúrgico, e o empresário petebista já é comparada por petistas à aliança que levou Lula e o ex-vice-presidente José Alencar ao Planalto em 2002.


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