Folha de S. Paulo


Para evitar CPI, PT marca depoimento de Foster no Senado na terça-feira

Em uma nova estratégia para esvaziar a CPI da Petrobras, o PT marcou para a próxima terça-feira (15) depoimento da presidente da estatal, Graça Foster, na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado. Foster havia desmarcado um outro depoimento na mesma comissão, que ocorreria na semana passada, por orientação da bancada do PT no Senado –que considerava mais prudente deixá-la falar na própria CPI.

Agora, o PT entende que a ida de Foster à CAE pode fazer a CPI perder força diante da possibilidade real dela ser instalada no Senado. Os petistas afirmam, nos bastidores, que a fala do ex-presidente Lula de que o partido deve "ir para cima" para impedir a instalação da CPI da Petrobras motivou a sigla a incentivar a ida da presidente da empresa neste momento.

Presidente da CAE, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que Foster lhe telefonou na tarde desta quinta-feira (10) pedindo para marcar o depoimento. O senador consultou a bancada, que avalizou sua ida. "Ela já tinha me dito desde a outra vez que queria prestar depoimento, mas por orientação da bancada, cancelou. Pode ser útil para baixar esse clima, ela poderá falar e explicar tudo", afirmou Lindbergh.

O senador disse que, se a CPI da Petrobras for instalada, a presidente da estatal estará "à disposição" para prestar um novo depoimento na comissão de inquérito.

Os depoimentos de Foster e do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) tinham sido sugeridos pelo PT antes dos pedidos de criação da comissão de inquérito –para que eles rebatessem as denúncias de irregularidades no negócio envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA).

A presença de ambos era uma tentativa de convencer a oposição de desistir da CPI, mas a estratégia não fez o PSDB e o DEM mudarem de ideia. Como a oposição, e depois os próprios governistas, apresentaram pedidos de CPI, aliados de Dilma consideraram que o desgaste seria desnecessário.

CPI

O plenário do Senado vai decidir na terça-feira sobre questionamento do PSDB que pede que a CPI da Petrobras investigue apenas assuntos relacionados à estatal.

O pedido de criação da comissão de inquérito apresentado pela oposição restringe a sua atuação à Petrobras, mas outro pedido de aliados do governo incluem temas que desgastam o PSDB e o PSB em ano eleitoral –partidos dos principais adversários da presidente Dilma nas eleições de outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).

Apesar de ter apresentado o requerimento de uma CPI governista como resposta à oposição, os aliados de Dilma trabalham para que a CPI não seja instalada. O PT ingressou na quarta-feira (9) com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) em que pede que a comissão não comece as investigações porque ela não tem "fato determinado".

Os quatro temas relacionados à Petrobras apresentados pela oposição no pedido de criação da CPI, segundo o PT, não têm conexão entre si –por isso não existiria um objeto para a comissão de inquérito atuar.

Em meio ao impasse, o Senado terá que definir se a comissão será efetivamente instalada e qual será a sua abrangência. A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa decidiu na quarta-feira pelo funcionamento da CPI mais ampla, proposta pelos governistas.


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