Folha de S. Paulo


Oposição protocola representação no Conselho de Ética contra André Vargas

Os partidos de oposição na Câmara PSDB, DEM e PPS ingressaram na tarde desta segunda-feira (7) com um pedido de investigação no Conselho de Ética contra o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR) para "apuração de procedimentos incompatíveis com o decoro parlamentar".

Os partidos querem que o parlamentar explique o seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em operações suspeitas.

Na representação, os partidos citam a reportagem da Folha que revelou que o petista trocou mensagens com o doleiro. Nas conversas, os dois combinaram o empréstimo de um jatinho para o deputado viajar com a família e conversaram sobre a negociação de um laboratório com o Ministério da Saúde.

No fim de semana, a revista "Veja" mostrou outras mensagens interceptadas pela Polícia Federal em que Vargas prometia ajudar o doleiro. "Acredite em mim. Você vai ver o quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro", dizia uma das mensagens enviadas por Youssef.

Pedro Ladeira/Sérgio Lima/Folhapress
O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PT), e o doleiro Alberto Youssef
O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PT), e o doleiro Alberto Youssef

"Pelo exposto, pode observar-se que a cada reportagem publicada novas luzes vão sendo lançadas sobre o caso e a relação entre o deputado André Vargas e Alberto Youssef vai ganhando contornos cada vez menos republicanos", diz o documento.

Os partidos alegam ainda que a viagem no jatinho emprestado pelo doleiro já é suficiente para poder ser interpretada como "recebimento de vantagem indevida, procedimento incompatível com o decoro parlamentar".

O Conselho de Ética terá 90 dias para analisar o caso. Inicialmente, o presidente do colegiado, Ricardo Izar (PSD-SP) designará um relator para analisar o pedido de investigação. Ele elaborará um parecer preliminar pela admissibilidade do processo. Caso seja aceito, o Conselho iniciará as investigações. A oposição pede ainda que o colegiado faça uma oitiva com Youssef, Se o conselho decidir pela cassação, o processo será enviada para votação em plenário. Vargas poderá apresentar sua defesa em qualquer momento do processo.

No início da tarde, Vargas apresentou uma carta à Secretaria-Geral da Mesa da Câmara pedindo licença não remunerada do mandato por 60 dias. Neste período, ele não receberá salário e nenhum benefício, como a cota parlamentar.

No documento, Vargas alega motivos particulares, mas afirma estar "à disposição" da Câmara para quaisquer esclarecimentos. Se Vargas voltar ao mandato, ele retoma também o cargo de vice-presidente. Seu afastamento acontece até o dia 5 de junho.


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