Folha de S. Paulo


Agnelo nega regalias a presos do mensalão e rebate Barbosa

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), negou a existência de regalias aos condenados do mensalão nas prisões de Brasília e afirmou que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, tem a "obrigação de informar onde estas supostas irregularidades que foram noticiadas".

A afirmação foi feita nesta sexta-feira (4) em resposta ao ofício enviado por Barbosa a Agnelo com o prazo de 48 horas para o governador manifestar-se sobre supostas regalias concedidas aos condenados no esquema.

No documento, Barbosa queria saber se havia sido instaurada investigação interna sobre denúncias de regalias.

Agnelo afirmou na resposta que Barbosa concluiu "equivocadamente que o [Governo do Distrito Federal] estaria contribuindo para que ilegalidades se perpetuem". "Trata-se de afirmação grave e despida de qualquer amparo na realidade dos fatos, na medida em que, conforme reiteradamente esclarecido, nenhuma autoridade pública do Distrito Federal [deixou] de prestar quaisquer informações ao Poder Judiciário".

Na resposta, Agnelo disse ainda que não admite "que se suscite ilações infundadas sobre eventual falta de disposição para determinar a apuração de fatos". Para o petista, Barbosa fez uma afirmação ofensiva ao insinuar que ele havia atuado com "desdém para com a autoridade judicial".

DIRCEU

Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta sobre a Copa do Mundo, o secretario de segurança do DF, Sandro Avelar, negou a existência de um caso de regalia denunciado pela imprensa. Segundo Avelar, no caso do suposto uso do celular pelo ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, a sindicância constatou "que não aconteceu a ligação".

Em janeiro, James Correia, secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia na gestão do governador Jaques Wagner (PT), afirmou à coluna Painel, da Folha, ter conversado com Dirceu pelo celular de um amigo em comum que o visitava na prisão. A entrada de celulares é proibida.

Nesta semana a Folha revelou que presos do mensalão do regime semiaberto estão burlando as normas da Justiça para fazer contatos políticos, ir à igreja, encontrar familiares e passar no "drive-thru" do McDonald's ao sair para trabalhar. Motivado pela publicação da reportagem, o Ministério Público do Distrito Federal pediu abertura de processo disciplinar para apurar atividades dos condenados.

CNJ

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) determinou nesta sexta a suspensão da investigação aberta pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Distrito Federal para avaliar as ações do juiz Bruno Ribeiro na condução das execuções das penas dos condenados do mensalão. A decisão é do conselheiro Gilberto Valente. Ribeiro passou a ser investigado após sugestão de Agnelo, com havia se desentendido na execução das penas dos condenados do mensalão. Valente considerou a investigação injustificada.

COLABOROU SEVERINO MOTTA


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