Em sua última semana no governo de Pernambuco, o pré-candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, evocou o avô Miguel Arraes (1916-2005) e se apresentou como seu herdeiro na luta contra "o latifúndio e as elites".
Anteontem, visitou o túmulo do ex-governador, no Recife, e ontem recebeu o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), desapropriou um antigo engenho e se declarou seguidor do avô na defesa da reforma agrária.
O ato foi programado para coincidir com os 50 anos do 1º de abril de 1964, dia em que o Exército invadiu o Palácio do Campo das Princesas e prendeu o então governador Arraes, que resistiu ao golpe.
"Um dos compromissos que mais afastaram o doutor Arraes das elites brasileiras e pernambucanas era ser um aliado da luta pela reforma agrária", discursou Campos.
"Este Estado historicamente foi governado por forças conservadoras, ligadas ao latifúndio e às elites", acrescentou, diante de lavradores com bandeiras do MST.
De terno e gravata, Campos disse aos militantes que os ensinamentos do avô "valem mais do que muitas aulas numa faculdade".
Antes do discurso, alto-falantes reproduziram a última fala de Arraes, minutos antes de ser preso pelos militares.
Campos tratou o aniversário do golpe como uma coincidência. "Quis o destino e a história que esse momento fosse exatamente no dia 1º de abril, uma data que carrega todos esses símbolos."
O secretário estadual de Agricultura e Reforma Agrária, Aldo Santos, foi direto: "O senhor, com o DNA de Arraes, faz a história se repetir."
Na saída, Campos criticou o desempenho do governo Dilma Rousseff no campo. "A reforma agrária vinha de um jeito até 2010. Depois, vem perdendo força, orçamento e diálogo", afirmou.