Folha de S. Paulo


Boom do petróleo nos EUA sustenta refinaria da Petrobras em Pasadena

Em 2001, quando a polêmica refinaria de Pasadena ainda pertencia à americana Crown Central Petroleum, a Petrobras fez um estudo, em conjunto com a então proprietária, sobre a viabilidade de processar no local o óleo pesado do campo de Marlim, da bacia de Campos (RJ).

O interesse da Petrobras levou a Astra a procurá-la para uma parceria logo após comprar a refinaria da Crown, no início de 2005, segundo depoimento de 2009 do vice-presidente para a América Latina da Astra Oil, Alberto Feilhaber, obtido pela Folha.

A intenção da Petrobras em utilizar a refinaria para o óleo de Marlim era visível desde o início das tratativas com a Astra e foi um dos motivos que levaram à ruptura da sociedade, estabelecida em 2006.

Hoje, sete anos após a compra da primeira parte da refinaria pela Petrobras, o projeto de modernização e adaptação para o refino de óleo pesado continua no papel.

No entanto, apesar das dificuldades para processar o óleo de Marlim, a Pasadena Refining System Inc. (PRSI) teve, nos dois últimos anos, seu melhor desempenho desde 2005, operando com uma boa margem. Em 2013, o grupo de refinarias do qual ela faz parte teve uma média de 95% de aproveitamento.

Consultada, a Petrobras diz que a refinaria "opera em plena capacidade –de 100 mil barris/dia– com resultado positivo".

O momento favorável é explicado pelo boom de produção do óleo não convencional leve, conhecido como tight oil, no golfo do México.

Incrustada num "cinturão" de refinarias localizado às margens do Houston Ship Channel, canal por onde circula grande parte da produção do golfo, a Pasadena Refining System se beneficiou da grande oferta de óleo leve, de boa qualidade e –por enquanto– barato nos EUA.

Nos dois últimos anos, a Petrobras não só optou por não processar mais o óleo pesado brasileiro no Texas, como parou de importar, para a refinaria de Pasadena, o óleo leve da Nigéria, bem mais caro que o americano.

A refinaria, porém, continua "muito vulnerável" e dependente de óleo de boa qualidade, segundo o professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ Alexandre Salem Szklo.

"Esse resultado é conjuntural. Quando esse óleo entrar no mercado internacional, vai ter gente querendo pagar mais caro por causa da sua qualidade, e o preço vai subir", explica.

Até 2011, a refinaria operava com uma margem ruim. Em troca de e-mails entre altos funcionários da Astra, em 2 de novembro de 2007, o CEO da Astra Oil Trading, Mike Winget, afirmou que a refinaria operava no vermelho e "nunca deu lucro, desde que foi comprada", em 2005. "É impossível ter lucro com essa estrutura de custo operacional."


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