Folha de S. Paulo


Berzoini assume articulação política; Ideli vai para Direitos Humanos

A presidente Dilma Rousseff oficializou nesta sexta-feira (28) a saída da ministra Ideli Salvatti da pasta das Relações Institucionais e sua transferência para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.

Conforme antecipado pelo "Painel", Ideli será substituída pelo deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) no comando das articulações com o Congresso Nacional. Já a ministra Maria do Rosário, que ocupava a pasta dos Direitos Humanos, deverá se candidatar a deputada federal no Rio Grande do Sul.

Foram, ao todo, 13 modificações em seu quadro de ministros desde o início do ano. A posse dos dois será na próxima terça-feira (1°), às 11h. A mudança encerra a reforma ministerial de Dilma, que, ao longo dos últimos meses, viu sua base aliada na Câmara sofrer o maior racha desde a sua posse.

Liderada pelo PMDB, impôs derrotas ao governo e em meio à ameaça da criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a compra da refinaria Pasadena (EUA) pela Petrobras.

Segundo petistas, Berzoini, que conta com o aval de Lula e do presidente do PT, Rui Falcão, tem mais trânsito no Congresso. A orientação da cúpula do PT seria reforçar os poderes da Secretaria, considerada hoje com pouca autonomia, e ainda conter insatisfações internas do Planalto, em especial de Dilma, em correntes petistas.

Avener Prado - 18.mar.2013/Folhapress
O deputado Ricardo Berzoini vai assumir a pasta das Relações Institucionais
O deputado Ricardo Berzoini vai assumir a pasta das Relações Institucionais

ALOPRADOS

Berzoini foi afastado da coordenação da campanha de reeleição de Lula em 2006 após o escândalo dos "aloprados". Presidente do PT na época, Berzoini foi apontado por Lula como responsável por escolher os envolvidos na caso –Valdebran Padilha e Gedimar Pereira Passos– para trabalhar na campanha.

Duas semanas antes do primeiro turno das eleições de 2006, Padilha e Passos foram presos pela Polícia Federal ao tentar comprar um dossiê contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Lula afirmou que os envolvidos eram "um bando de aloprados", expressão pela qual o caso é lembrado até hoje. Berzoini foi substituído por Marco Aurélio Garcia.

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VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA:

A presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje, 28 de março, mudanças no ministério. A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, está deixando o governo para participar das eleições. A pasta passará a ser ocupada pela ministra Ideli Salvatti, que deixa a Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Para ocupar a SRI, a presidenta convidou o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP).

A posse dos ministros Ideli Salvatti e Ricardo Berzoini será na terça-feira (01/04), às 11h, no Palácio do Planalto. As transmissões ocorrerão nos seus respectivos ministérios.

A presidenta agradeceu a dedicação, competência e lealdade de Maria do Rosário ao longo de seu governo e tem certeza de que ela continuará dando sua contribuição ao país.

OUTRAS MUDANÇAS

No dia 13 de março, Dilma havia anunciado a nomeação de seis novos ministros para o último ano de seu mandato, que assumiram os cargos no dia 17. A novidade foi a nomeação para o Ministério do Turismo.

Dilma resolveu escolher o gerente de assessoria internacional do Sebrae, Vinicius Nobre Lages, para a pasta depois que o nome preferido por ela, de Ângelo Oswaldo, do PMDB de Minas Gerais, não foi bem recebido pela cúpula do próprio partido. Ele substituirá Gastão Vieira (PMDB-MA), que deixa a pasta para disputar as eleições.

O PMDB manteve também o Ministério da Agricultura, para onde foi nomeado o secretário de Política Agrícola, Neri Geller. Mesmo tendo dito no início da semana que não indicariam nomes para a reforma, os deputados do PMDB aceitaram a escolha da presidente para a pasta. Antônio Andrade (PMDB-MG) deixa o ministério.

Editoria de Arte/Folhapress

Na cota do PP, Dilma nomeou Gilberto Occhi, atual vice-presidente de governo da Caixa Econômica Federal, para o Ministério das Cidades. O partido chegou a aderir ao chamado "blocão" na Câmara, mas desembarcou da iniciativa após ser contemplado pela reforma. Occhi substitui Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

O PT manteve o Ministério do Desenvolvimento Agrário com a indicação do ex-presidente da Petrobras Biocombustível e ex-ministro Miguel Rossetto. Ele entra no lugar de Pepe Vargas (PT-RS). Rossetto foi ministro da pasta durante o governo Lula, de 2003 a 2006.

O PRB também manteve a sua pasta. Eduardo Lopes (PRB-RJ) assumirá o Ministério da Pesca e Agricultura no lugar de Marcelo Crivella (PRB-RJ). Lopes era suplente de Crivella no Senado. Dilma nomeou ainda o ex-reitor da Universidade de Minas Gerais Clélio Campolina Diniz para o Ministério de Ciência e Tecnologia na lugar de Marco Antônio Raupp.

DESENVOLVIMENTO

No dia 13 de fevereiro, Dilma confirmou a indicação de Mauro Borges para o cargo deixado pelo ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento). Depois de enfrentar dificuldades para encontrar um empresário para o lugar de Pimentel, que vai se candidatar ao governo de Minas Gerais, Dilma decidiu nomear o presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial).

AS PRIMEIRAS TROCAS

No dia 3 de fevereiro, Dilma deu posse a quatro novos ministros: Aloizio Mercadante, Arthur Chioro, José Henrique Paim e Thomas Traumann que assumiram, respectivamente, Casa Civil, Saúde, Educação e Comunicação Social.

Mercadante, que era o titular da Educação, substituiu a ministra Gleisi Hoffmann, que voltou para o Senado e vai ser candidata ao governo do Paraná pelo PT neste ano.

Na Educação, José Henrique Paim assumiu o cargo deixado por Mercadante. Paim é réu numa Ação Civil Pública que corre na Justiça Federal em São Paulo desde 2006.

No Ministério da Saúde, no lugar do petista Alexandre Padilha, que será candidato governo paulista, ficou Arthur Chioro, que era secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP).

Na Comunicação Social, a ministra Helenas Chagas foi substituída pelo porta-voz da Presidência, Thomas Traumann.

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