Folha de S. Paulo


Para enfraquecer CPI, Graça e Lobão falarão sobre refinaria ao Senado

Com o aval do Palácio do Planalto, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) marcaram para os dias 8 e 15 de abril seus depoimentos em duas comissões do Senado para explicarem a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela estatal brasileira. Os dois serão ouvidos pelas Comissões de Assuntos Econômicos e Fiscalização e Controle do Senado em audiências conjuntas.

As datas foram negociadas pelo governo com o objetivo de enfraquecer as articulações da oposição para que a CPI da Petrobras seja instalada na Câmara e no Senado. O Planalto avalia que os depoimentos podem dar fim à crise envolvendo a empresa estatal desde que a presidente Dilma Rousseff admitiu ter dado aval à compra da refinaria.

"É uma clara demonstração do governo de que não estamos querendo fugir de nenhum problema. O Congresso tem condições de ter acesso às investigações sem a CPI", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

O governo optou por marcar primeiro o depoimento de Foster porque considera que a presidente da Petrobras terá melhores condições de explicar o negócio. Foster fala no dia 8 nas duas comissões, enquanto Lobão será ouvido no dia 15, também em audiência conjunta.

Senadores petistas se revezaram na tribuna do Senado nesta quarta-feira para criticar a instalação da CPI. Ex-ministra da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a compra da refinaria de Pasadena era vantajosa para o país em 2006, por isso a presidente Dilma Rousseff não pode ser responsabilizada por eventuais prejuízos do negócio aos cofres públicos.

"É uso político. Está se tentando fazer de um momento como esse palanque político", atacou Gleisi.

Costa disse que "marqueteiros enfurnados em salas confortáveis" querem viabilizar a CPI para que a oposição enfraqueça a imagem de gestora da presidente Dilma. "É conversa repetida à exaustão para atacar a imagem da presidente."

OPERAÇÃO ABAFA

O Planalto trabalha nos bastidores para convencer senadores aliados a não assinarem o pedido de instalação da CPI da Petrobras. A oposição conseguiu reunir até agora 22 das 27 assinaturas necessárias para que a comissão seja criada.

Os governistas miram em senadores do PSB e do PMDB –que sinalizaram à oposição assinar o pedido de criação da comissão de inquérito. A bancada do PSB deve tomar decisão conjunta sobre a adesão à CPI depois que o líder da sigla, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), assinou o pedido.

Pré-candidato à Presidência da República e futuro adversário de Dilma, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) articula o apoio à comissão, assim como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) –também provável rival da petista na corrida eleitoral.

Da tribuna do Senado, Humberto Costa fez um apelo para que os governistas não assinem o pedido de criação da CPI. "Os que não assinaram ou não pretendem assinar: tentam lhes pressionar sob o argumento de que estariam sendo coniventes com a impunidade. Os que não estão assinando a CPI não o estão fazendo porque querem investigação correta pelos órgãos capacitados para fazê-la. O parlamento tem acesso a todas essas investigações."


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