Folha de S. Paulo


Ato antifascista reúne cerca de 800 pessoas, segundo a PM

A Marcha Antigolpista Ditadura Nunca Mais, que ocorreu neste sábado (22) no centro de São Paulo, reuniu cerca de 800 manifestantes, segundo a Polícia Militar.

O ato foi convocado para sair da praça da Sé, às 15h, para fazer contraponto à Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que ocorreu no mesmo horário e reuniu cerca de 700 pessoas na praça da República, segundo a PM.

A Marcha Antigolpista —que terminou em frente ao prédio que abrigou o antigo Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), na região da Luz— conta com partidos de esquerda, coletivos e sindicalistas. Manifestantes mascarados também integraram o ato.

Por volta das 16h, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), subiu no carro de som —que promovia gritos contra a ditadura e contra a PM— e falou por cerca de cinco minutos.

"Felizmente [sobre a Marcha da Família] os saudosos são poucos", afirmou o senador.

Suplicy foi especialmente aplaudido após cantar "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", música de Geraldo Vandré que, na década de 1960, quando foi lançada, virou uma espécie de hino de resistência do movimento que fazia oposição à ditadura militar.

Segundo a PM, 900 policiais se dividiram entre as duas marchas. "A ideia é manter o pacifismo nos dois atos, para que eles não se encontrem", afirma o capitão Fernando Ferreira Alves.

Para Alexandre Leão, 22 anos, um dos membros do Comitê Antifascista, um dos grupos que organiza a marcha na Sé, "os dois atos mostram que existe uma polarização clara na política de São Paulo. Enquanto lá [na República] está reunida a extrema direita, nós chamamos a esquerda".

O padre Júlio Lancellotti, 65, também participou da concentração do ato, na Praça da Sé. Para ele, os participantes da Marcha da Família não respondem pela Igreja Católica. "Deus não está lá", afirmou.

A Marcha da Família saiu da Praça da República e foi até a Sé. A Antigolpista saiu da Sé e seguiu até a Luz.

Os organizadores da Antigolpista prometem um novo ato contra a ditadura para o dia 1º de abril, no vão-livre do Masp.

CONFUSÃO

Uma mulher teve que ser retirada pela polícia da Marcha Antigolpista Ditadura Nunca Mais.

A mulher, portando uma bandeira do Brasil, se aproximou do carro de som que guiava o ato e provocou manifestantes de partidos e coletivos de esquerda.

"Também tenho o direito de me manifestar", gritava ela.

Manifestantes de esquerda retrucaram, chamando-a de fascista. "Vai para a República", gritaram os manifestantes, em referência a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, de caráter conservador, que ocorre simultaneamente à Marcha Antigolpista.

Apesar de sem agressões, houve confusão e policiais militares retiraram a mulher da praça. Um carro da PM saiu da praça em alta velocidade, levando a mulher. Manifestantes e jornalistas tiveram que desviar.

Colaboraram ANGELA BOLDRINI E GUILHERME MAGALHÃES


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