Folha de S. Paulo


Ministro está envolvido em caso de condenação da Caixa

Empossado nesta semana como o novo ministro das Cidades pela presidente Dilma Rousseff, Gilberto Occhi está envolvido em um processo que envolve supostas ameaças a uma cliente da Caixa Econômica Federal, banco do qual ele foi o superintendente.

O processo resultou em uma condenação da instituição financeira pela Justiça em fevereiro de 2011.

Beto Barata - 18.mar.2014/Folhapress
O novo ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff, Gilberto Occhi
O novo ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff, Gilberto Occhi

O caso teve início em 2005, em Sergipe, quando Sheila Cristina Oliveira de Jesus contratou um financiamento para a aquisição de um imóvel. Não teria sido dada a ela a opção de pagar o empréstimo por meio de boletos bancários.

A Caixa, segundo Sheila, ofereceu uma venda casada para completar a transação. Isso significava a abertura de uma conta corrente com cheque especial, cartão de crédito e a contratação de um seguro por uma seguradora indicada pelo banco.

Diante da situação, a cliente recorreu à ouvidoria da Caixa, relatou o episódio e, segundo afirma, em vez de ver seu problema resolvido, acabou recebendo um telefonema com ameaças de rescisão do contrato de empréstimo por parte de um gerente de relacionamento do banco.

Ainda de acordo com Sheila, depois do telefonema, ela recebeu em seu trabalho, num shopping center de Aracaju, a visita do então superintendente da Caixa Gilberto Occhi e de sua esposa, Cristina Piedade, gerente-geral da agência Barão de Maruim, onde ela tinha conta.

De acordo com o processo movido por Sheila, os dois a teriam agredido verbalmente e ameaçado lhe negativar o nome e cancelar o contrato imobiliário firmado.

"Na hora que recebeu o casal a autora ficou contente pensando que iam resolver seu problema, (...) a autora disse para a sra. Cristina que queria o boleto e esta lhe respondeu, de forma estúpida, que este era o procedimento da Caixa e que a autora tinha que aceitar e, com o dedo apontado em riste, dizendo que o superintendente estava ali presente e que este poderia cancelar o contrato", afirma trecho de seu depoimento à Justiça.

Ao final de seu depoimento, a cliente diz que chegou a morar no apartamento por três anos, quando foi expulsa assim que teve filho justamente devido a débitos referentes a taxas bancárias.

Na Justiça Federal de Sergipe, Sheila conseguiu uma indenização de R$ 80 mil pelos danos morais e materiais, mas a Caixa recorreu e o TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região) reduziu o valor da condenação para R$ 10 mil –R$ 2 mil pela venda casada e R$ 8 mil pela discussão no local de trabalho da cliente.

OUTRO LADO

A assessoria do Ministério das Cidades afirmou apenas que "o processo é contra a Caixa" e que o banco enviaria uma resposta à Folha.

O banco federal, por sua vez, informou que "o caso foi arquivado após o cumprimento da decisão final pela instituição".


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