Folha de S. Paulo


Em documento, PT deve ignorar crise sobre refinaria envolvendo Dilma

Em documento discutido em reunião do seu diretório nacional, o PT deve ignorar a crise envolvendo a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006.

A Folha teve acesso a versão preliminar texto, debatido nesta quinta-feira (20), que ainda depende da aprovação do comando executivo petista e pode ser alterado. Não há referência sobre o fato de a presidente ter dito que aprovou a compra com base em um documento "técnica e juridicamente falho".

Na época da aquisição, Dilma era Ministra da Casa Civil e presidia o conselho da Petrobras e chegou a votar a favor da compra.

Segundo petistas, o caso foi discutido na reunião e a avaliação é de que uma posição oficial do partido poderia servir de combustível para a oposição explorar ainda mais o fato política e eleitoralmente. No Congresso, os oposicionistas defendem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o caso.

A resolução também evitou rebater diretamente o desgaste com o PMDB, seu principal aliado, pela composição das alianças estaduais para as eleições de outubro. A insatisfação peemedebista com os palanques, especialmente no Rio de Janeiro e no Ceará, e com os rumos da reforma ministerial puxaram uma rebelião na base aliada e impuseram derrotas para o Planalto na Câmara, inclusive com a criação de uma comissão externa para apurar suspeita de irregularidades na estatal.

O texto determina que "não vamos permitir alianças que conflitem com nossas deliberações, assim como vamos estimular as chapas com nossos aliados no plano nacional". Os dirigentes petistas dizem que "devemos exigir de nossos aliados é o forte compromisso com a continuidade destas conquistas [do governo petista]" e recomendam ainda atenção dos militantes para a campanha de reeleição de Dilma, tratada como prioridade absoluta.

"Mesmo com altos índices de aprovação de nosso governo e de nossa candidata ainda temos muito tempo até as eleições. É preciso manter a mobilização, ampliar o debate com a sociedade e defender nosso legado de mudanças estruturais no país."

O comando do PT reconhece "que o ano eleitoral é um ano de profundas e acirradas disputas" e defende que é preciso "desmascarar a tática dos que torcem e jogam contra o Brasil". O texto cita ainda que fica mantida a meta de ampliar as bancadas no Congresso, um dos motivos de atrito com o PMDB, e reeleição de governadores.

O diretório ainda faz uma enfática defesa da política econômica do governo Dilma, alvo de críticas do mercado.

Às vésperas dos 50 anos do golpe militar de abril de 1964, o diretório ressalta a consolidação da democracia e destaca as ações da Comissão da Verdade, mas nega revanchismo. "A identificação dos responsáveis pela tortura e pelos assassinatos, longe de parecer revanche, deve servir para que nosso povo tenha conhecimento dos reais autores de tanta tristeza provocada a milhares de famílias brasileiras."

O documento destaca que é preciso defender a Copa, alvo de protesto das manifestações de junho, e seu legado ao país e aponta que é para "torcer sem fazer qualquer ligação com o processo eleitoral".


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