Folha de S. Paulo


Grupo promove ato para criar centro cultural em antigo prédio do Dops

Cerca de 150 pessoas participam, na noite desta sexta-feira (21), de um ato cultural próximo ao prédio do antigo Dops (Departamento de Ordem e Política Social), no centro do Rio de Janeiro. Outros 50 policias militares acompanhavam o ato, do outro lado da rua.

O objetivo doso organizadores do evento, chamado de "Ocupa Dops", é, por meio de peças, shows e declamação de poesias, cobrar a promessa feita pelo governador Sergio Cabral (PMDB) durante cerimônia na Comissão da Verdade, em maio do ano passado, de transformar o local em um centro cultural.

Uma petição pública também foi criada na internet e já recolheu 695 assinaturas. O abaixo-assinado será entregue ao governador e foi criado por um grupo intitulado "Coletivo Rio de Janeiro de Memória, Verdade e Justiça".

De acordo com o professor universitário Paulo Cesar Ribeiro, um dos organizadores, o governo tem o objetivo de instalar ali um museu da Polícia e uma galeria de lojas.

"Queremos que seja feito uma memorial em homenagem aos que lutaram contra a ditadura e com exposições, a exemplo do Dops paulista que desde 2002 se transformou em um centro cultural. Podemos dividir o espaço com a polícia com um armário. Nele poderiam ser colocados objetos de tortura com uma placa: nunca mais será usado contra o cidadão", ironizou.

Segundo Ribeiro, que também é historiador, o prédio foi construído em 1910 para abrigar a chamada Polícia Central da República. Na década de 1930, foi local da prisão e da tortura de opositores no primeiro período do governo de Getúlio Vargas.

Já na década de 1960, período da ditadura, funcionou o Dops que teve papel central para o funcionamento de órgãos de repressão, atuando em conjunto com os órgãos das Forças Armadas.

Atualmente o prédio está sendo administrado pela Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro, e passa por reforma.

O grupo pretende fazer outras ações culturais no local neste sábado (22) e conseguir, assim, mais assinaturas para a petição.

O governo do estado ainda não respondeu se pretende inaugurar um centro cultural no local ou se pretende construir um memorial para a polícia, como afirmam os organizadores do Ocupa.


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