Folha de S. Paulo


Após críticas de aliados, Dilma ajusta resposta sobre Petrobras

Diante da repercussão negativa à primeira nota do governo sobre o episódio envolvendo a refinaria de Pasadena (EUA), a presidente Dilma Rousseff fez ontem ajustes na sua resposta, que foi criticada reservadamente por petistas e pela Petrobras.

Em um adendo a seu posicionamento anterior, divulgado ontem por sua assessoria de imprensa, a presidente disse que aprovou a compra da unidade pela Petrobras "porque, na época, parecia um negócio vantajoso".

Ela reiterou, porém, sua posição de que, se soubesse da existência de cláusulas que constavam do contrato mas não foram apresentadas na reunião do conselho de administração, pediria "para rediscutir a proposta" do negócio de compra da refinaria.

Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a presidente destaca que a decisão do conselho, em 2006, foi unânime porque o "negócio, de fato, parecia vantajoso" e foi aprovado também por conselheiros com atuação no mercado, como o empresário Jorge Gerdau e Fábio Barbosa, na época do Santander.

O adendo da Presidência da República vai na linha do conteúdo da nota sugerida inicialmente pela Petrobras para esclarecer a compra, hoje investigada por três instâncias.

A insatisfação na Petrobras com a posição de Dilma foi explicitada ontem pelo ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli, segundo quem a cláusula questionada por Dilma é "comum" nesse tipo de negócio —ela estabelece que, em caso de desacordo entre os sócios, uma das partes deve comprar a outra.

Outros membros do conselho de administração à época disseram também que não havia indícios para questionar a compra. O general de Exército Gleuber Vieira, da reserva, disse que não se lembra da reunião. "Se realmente aprovamos algo irregular, fico pesaroso. Mas não posso dar asas à imaginação".

Por meio de nota, Gerdau afirmou que, em 2006, não tinha conhecimento das cláusulas. Outros membros dizem não se lembrar do parecer apontado anteontem por Dilma como "falho", mas defenderam a decisão do conselho.

"Havia a opinião do Citibank dizendo que o preço era condizente e a operação se justificava estrategicamente. Por isso foi aprovada", disse o empresário Cláudio Haddad, presidente do centro de estudos e pesquisa Insper. Para o governador da Bahia, Jaques Wagner, no conselho de administração, "a avaliação é sempre macro".

Editoria de Arte/Folhapress

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