Folha de S. Paulo


Tentam colocar 'medo no povo', diz Eduardo Campos

O governador de Pernambuco e pré-candidato à presidência, Eduardo Campos (PSB), respondeu ontem a Lula, que, em encontro reservado com empresários, o tinha comparado com Fernando Collor de Mello.

"Toda vez que o país pede mudanças, alguns políticos tentam colocar o medo no coração do povo. Mas, desta vez, como aconteceu em 2002, a esperança vai vencer o medo", afirmou Campos, em frase repassada por sua assessoria.

Semana passada, num almoço com empresários no Paraná, Lula disse: "A minha grande preocupação é repetir o que aconteceu em 1989: que venha um desconhecido, que se apresente muito bem, jovem e nós vimos o que deu". Para vários dos presentes, a frase soou como uma comparação entre Collor e Eduardo Campos.

Em 1989, Collor –jovem e pouco conhecido no país– era governador de Alagoas e pregava a renovação na política. Tornou-se presidente aos 40 anos. Depois, sofreu um processo de impeachment e o país passou por severa crise econômica.

Campos é um político nordestino relativamente desconhecido e que se apresenta como o jovem (tem 48 anos) que vai renovar a política.

Ao afirmar que "desta vez, como em 2002, a esperança vai vencer o medo", Campos aludiu à primeira campanha presidencial que levou Lula ao Planalto.

Em 2002, o PSDB usou a atriz Regina Duarte para dizer na propaganda eleitoral na TV que tinha medo do que poderia acontecer se Lula fosse eleito presidente. Foi quando o então marqueteiro lulista, Duda Mendonça, inventou o bordão "a esperança vai vencer o medo". Deu certo.

Lula já havia sido alvo do mesmo discurso em 1989, quando o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Mário Amato, afirmou que 800 mil empresários deixariam o país se o PT chegasse ao Planalto. O apelo funcionou e Lula perdeu a eleição. Anos depois, Amato mudou de opinião.


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