Folha de S. Paulo


Polícia Federal prende doleira com 200 mil euros na calcinha

Presa em flagrante levando € 200 mil na própria calcinha, Nelma Kodama se autodefine, segundo a Polícia Federal, como "a grande dama do mercado de câmbio" do Brasil. Ela foi detida na última sexta, quando embarcava no aeroporto de Guarulhos com destino à Europa.

Argumentou que usaria o dinheiro para comprar móveis no exterior e que não declarou a quantia porque a Receita Federal estaria fechada. O que Nelma não sabia é que todos os seus passos já estavam sendo monitorados pela PF, que tinha a informação de que ela tentaria embarcar com o dinheiro.

Nelma é um dos alvos da Operação Lava Jato, deflagrada anteontem para apurar um esquema de lavagem de dinheiro. Os investigados movimentaram de forma atípica, diz a PF, R$ 10 bilhões.

A polícia afirma que praticamente todos os presos já foram investigados, denunciados ou condenados por crimes como lavagem, evasão ou remessa ilegal de divisas.

A polícia afirma que os doleiros presos são investigados por lavar dinheiro do tráfico de drogas, de contrabandistas de diamante extraídos na reserva indígena dos Cinta-Larga (divisa do MT com RO) e também de obras de engenharia de grandes empreiteiras. Nelma, por exemplo, já foi investigada pela CPI dos Bingos e também pela PF.

Em 2011, foi condenada pela Justiça Federal em São Paulo a três anos e meio de reclusão por lavagem de dinheiro. A pena dela acabou sendo substituída por prestação de serviços à comunidade.

Nelma Kodama está presa e a Folha não conseguiu ontem contatar o advogado da investigada. A PF ainda procura três pessoas consideradas foragidas.

A investigação começou depois que a polícia identificou o contato de um doleiro em Brasília com empresas ligadas a assessores do ex-deputado federal José Janene, um dos réus do mensalão, morto em 2010. A PF ontem disse ter divulgado número errado de presos na operação -no total, 17 foram detidos, e não 24.


Endereço da página: