Folha de S. Paulo


Câmara adia criação de comissão para apurar caso de propina a Petrobras

A falta de quórum nesta quarta-feira (26) derrubou a segunda tentativa do "blocão" da Câmara dos Deputados de aprovar a criação de uma comissão externa para apurar denúncias de pagamento de propina a funcionários da Petrobras pela holandesa SBM.

A sessão ficou aberta por quase três horas, mas apenas 220 dos 513 marcaram presença. Boa parte dos parlamentares já embarcou para o feriado. A promessa do "blocão", formado por sete partidos da base aliada e um oposicionista, é retomar a votação após a semana do Carnaval. "Vai ser um tratoraço", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

O governo vai aproveitar o tempo para tentar desarticular a votação. O vice-presidente Michel Temer, voltou a telefonar para o líder do PMDB na manhã de hoje questionando sobre a votação. Ele teria sido informado que não haveria quorum e ouvido reclamações sobre a atuação dos ministros na articulação política com o Congresso.

Ontem, horas após ser formalizado por PMDB, PSC, PP, Pros, PDT, PTB, PR e o oposicionista Solidariedade, o "blocão" tentou impor uma derrota ao Planalto aprovando a criação para investigar a Petrobras, uma das prioridades da presidente Dilma Rousseff.

Em meio à pressão do governo e manobras regimentais do PT, a sessão foi encerrada sem definição sobre a criação da comissão. Durante a sessão para discutir a criação da comissão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), conversou por telefone com o vice Michel Temer, com ministros e teria até protagonizado um bate-boca com Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

Em meio à pressão do governo e manobras regimentais do PT, a sessão foi encerrada sem definição sobre a criação da comissão. O presidente da Câmara negou que tenha sido pressionado pelo Planalto. "Tem que se respeitar o regimento. Não posso ser torcedor, tenho que ser cumpridor do regimento", disse.

Ele reafirmou que a ideia do bloco não é dificultar a vida do governo. "Esse bloco que está se formando não é contra o Planalto. Pelo contrário. É para a Câmara votar. É para tentar desobstruir a pauta com seis urgências constitucionais nem tão importantes assim trancam a pauta há quatro, cinco meses. A iniciativa é limpar a pauta e votar matérias de interesse da sociedade. É nosso dever legislar e não empurrar com a barriga proposta que o país quer que a gente decida", disse.


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