Folha de S. Paulo


'Caí de pé', diz Jefferson antes de ser preso

Minutos antes de ser levado para a Superintendência da Polícia Federal, o ex-deputado Roberto Jefferson disse lamentar perder a liberdade, mas diz que caiu de pé. Ele acaba de sair de Levy Gasparian, interior do Rio, para ser preso.

Condenado em regime semiaberto pelo caso do mensalão, ele disse que ainda não recebeu propostas de emprego para poder sair durante o dia da prisão.

"É uma grande perda. O homem tem que procurar acertar para não perder a liberdade. O valor supremo da vida é a liberdade. Lutem para manter a de vocês", disse Jefferson, ao lado da mulher, Ana Lúcia, aos jornalistas.

Questionado se arrependia-se de algo no caso do mensalão, ele disse que não.

Daniel Marenco/Folhapress/Local Foto
O ex-deputado e delator do mensalão, Roberto Jefferson (PTB-RJ), na varanda de sua casa
O ex-deputado e delator do mensalão, Roberto Jefferson (PTB-RJ), na varanda de sua casa

"Caí de pé. Minha música é 'My way'. Não me rendi, não me ajoelhei e fiz da minha maneira. [...] Faço o bem. Não sou melhor do que ninguém. Mas não foi à toa que fui eleito por seis vezes deputado federal", disse ele.

Ele voltou a afirmar crer que o país melhorou após o caso do mensalão, revelado pelo ex-deputado em entrevista à Folha, em 2005.

"O Brasil melhorou. A fiscalização da imprensa é intensa. E os políticos melhoraram seu comportamento. Não dá mais para brincar com a opinião pública nacional", disse ele.

O ex-deputado disse que sentirá falta de guiar sua moto Harley Davidson.

"O importante da Harley é o sentimento de liberdade. Não é a chegada o mais importante, mas sim a jornada. A liberdade é fundamental na vida do ser humano. E eu estou perdendo a minha", disse ele.

Jefferson assinou o mandado de prisão às 12h21. Ele agradeceu a cortesia dos agentes da Polícia Federal, que permitiram a ele tomar banho, trocar de roupa e almoçar antes de seguir para a Superintendência da PF no Rio, de onde será encaminhado para um presídio.

Ele disse que está levando dois livros para a prisão, além da Bíblia. Questionado sobre seu futuro político, ele disse: "Vou ter tempo [para pensar]".


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