Folha de S. Paulo


Aécio diz que PSDB não afrontará a Justiça como o PT fez no mensalão

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) ironizou nesta sexta-feira (21) a posição do PT ao comentar o impacto do mensalão tucano em sua campanha presidencial.

Após reunião com deputados, prefeitos e vereadores tucanos no Recife, Aécio defendeu a investigação do suposto esquema de desvio de verbas do governo de Minas Gerais em 1998, durante a gestão de Eduardo Azeredo (PSDB), que nesta semana renunciou a seu mandato de deputado federal após pressão dos tucanos.

"Nós não vamos fazer o que fez o PT, afrontar a Justiça. Nós respeitamos a Justiça e respeitamos a decisão do Supremo Tribunal Federal", afirmou o tucano, fazendo alusão à posição de petistas diante da condenação dos réus do mensalão do partido.

A renúncia de Azeredo foi uma tentativa de retardar o início do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal), o que reduz as possibilidades de recursos. Aécio disse não acreditar que o mensalão tucano terá impacto em sua candidatura por ser "um caso muito específico". Ele afirmou que a visita que fez ontem a Azeredo foi apenas uma "cortesia".

"O Eduardo [Azeredo] é conhecido e reconhecido em Minas Gerais como um homem de bem. Não como um homem que fez fortuna na política", afirmou o senador presidenciável.

Daniel Carvalho/Folhapress
O presidenciável tucano Aécio Neves entre os deputados Terezinha Nunes (PSDB) e Mendonça Filho (DEM-PE)
O tucano Aécio Neves entre os deputados Terezinha Nunes (PSDB) e Mendonça Filho (DEM-PE)

'DAQUI PARA PIOR'

Aécio Neves disse ter vindo ao Recife com o pretexto de fazer uma visita a Miguel, quinto filho do governador Eduardo Campos (PSB-PE) e da primeira-dama, Renata Campos, nascido em janeiro. O senador mineiro e a mulher dele, a modelo Letícia Weber, que está grávida, almoçam na casa do governador ainda hoje.

Ao chegar à residência do governador, Aécio disse: "Do meu ponto de vista pessoal, gostaria muito de um dia poder construir um novo projeto de Brasil ao lado do governador Eduardo Campos".

Antes, pela manhã, o mineiro reuniu-se com 17 deputados, prefeitos e vereadores tucanos de Pernambuco e de outros Estados, como Cássio Cunha Lima (PB) e Carlos Sampaio (SP), coordenador jurídico da campanha presidencial. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), também participou do encontro, que aconteceu no hall de um hotel em Boa Viagem, zona sul do Recife.

Aécio não impediu que os jornalistas se aproximassem do grupo. Durante a reunião, ele falou dos palanques do partido pelo Brasil e fez críticas ao governo federal. O tucano chegou a dizer que até junho, quando o país sediará a Copa do Mundo, a situação será "daqui pra pior". "Não há chance de as coisas melhorarem", afirmou aos correligionários e aliados.

Aécio também disse estar "muito animado" com sua candidatura. "Vamos em frente, minha gente. Acho que a chance [de vitória] é real", afirmou antes de pedir que organizem para ele uma agenda de dois dias em Pernambuco durante a segunda quinzena de abril.

CRÍTICAS

Tanto durante a reunião como na entrevista concedida logo em seguida, Aécio reiterou críticas ao governo federal. Disse que o Brasil tornou-se um "cemitério de obras inacabadas", que na área de segurança o governo protagoniza uma "omissão criminosa" e que a saúde é uma "tragédia nacional". "Em todas as áreas o governo deve ao Brasil", afirmou.

Aécio também reforçou o acordo informal de "pacto de não agressão" com Eduardo Campos. "Ambos temos em comum o sentimento de que o governo do PT faz muito mal ao país", disse. "A convivência harmoniosa entre nós existirá no Brasil inteiro", completou, citando que dividirá palanque com o pessebista em "oito ou dez Estados".

Segundo deputado federal Bruno Araújo, vice-presidente do PSDB, há aliança certa com o PSB em ao menos cinco Estados (PE, MG, PR, RR e AC). Em unidades da federação como Piauí, Rio e Maranhão, Araújo diz haver "convergência" e uma possibilidade de aliança. Em São Paulo, o apoio deve se dar somente no segundo turno. No final desta tarde, Aécio deve participar de um evento do Solidariedade ao lado do fundador da sigla, o deputado Paulinho da Força.


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