Folha de S. Paulo


Azeredo desiste de discurso na Câmara e apresentará defesa por escrito

Principal réu no processo do mensalão tucano, o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) desistiu de fazer um discurso de defesa no plenário da Câmara.

Em reunião da bancada do PSDB finalizada no início da tarde desta terça-feira (18), os tucanos foram informados de que a defesa do deputado será apresentada por escrito na tarde de quarta-feira (19) pelo deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos principais aliados de Azeredo.

"Como toda pessoa inocente acusada injustamente, ele está abalado, a família fica abalada. Só os canalhas e corruptos não se preocupam com a própria honra", afirmou Pestana.

Ele disse não ter recebido ainda o texto que será apresentado no plenário na quarta.

Ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente nacional do PSDB, Azeredo teve no último dia 7 a prisão sugerida pela Procuradoria-Geral da República (22 anos) sob a acusação de liderar esquema de desvio de recursos públicos do governo de Minas Gerais para sua campanha à reeleição em 1998.

O caso deve ser julgado nas próximas semanas pelo Supremo Tribunal Federal.

Após vir a público a posição da Procuradoria, Azeredo prometeu ir à tribuna da Câmara rebater as acusações, mas a tática a ser adotada dividiu o PSDB, partido do pré-candidato à Presidência Aécio Neves, também de Minas Gerais.

Um grupo defendia um discurso enfático, além de entrevista coletiva à imprensa. Já outra ala trabalhava exatamente para barrar a fala no plenário da Câmara com o objetivo de minimizar o impacto negativo na campanha de Aécio.

Os tucanos têm adotado o discurso uniforme de que acreditam na isenção do STF, na honradez de Azeredo, mas que não se insurgirão contra a decisão da corte, seja ela qual for. Em uma tentativa de afastar o episódio de sua campanha, Aécio chegou a declarar que não havia nenhum integrante do PSDB envolvido no caso.

Mesmo tendo prometido se defender pessoalmente, Azeredo desistiu de falar na semana passada sob o argumento de que estava passando por crises de pressão alta. A fala havia sido transferida para esta semana. Reservadamente, aliados dizem ser possível um pedido de licença prolongado ou até mesmo a renúncia ao cargo.


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