Folha de S. Paulo


Pizzolato usou nome do irmão para sacar dinheiro

Condenado no julgamento do mensalão, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato movimentou "milhares de euros" e sacou dinheiro vivo na Europa usando o nome de Celso Pizzolato, seu irmão morto em 1978.

É o que mostram extratos bancários e comprovantes de saques encontrados pelos Carabinieri (polícia italiana) em uma casa de praia em Porto Venere, no litoral da Ligúria, na Itália, um dos esconderijos usados por Pizzolato durante a fuga na Europa. Pizzolato foi preso no dia 5 na casa de um sobrinho, em Maranello (norte da Itália).

Conforme indicam os documentos encontrados pela polícia em Porto Venere, o dinheiro era transferido de contas da Espanha e foi sacado por "Celso" na Itália.
O valor exato da movimentação –entre 20 e 30 mil euros–, os nomes dos bancos utilizados e o período das transações são mantidos em sigilo. A polícia não detalhou se havia uma conta aberta em nome de Celso ou se o dinheiro era transferido através de ordens de pagamento.

ESPANHA

Munidos de um mandado de busca e apreensão, os carabinieri vasculharam a casa usada pelo petista em Porto Venere na última quarta.
"Encontramos extratos bancários e comprovantes de saque em papel em nome de Celso Pizzolato. Houve movimentação de alguns milhares de euros", disse à Folha o capitão Armando Ago, chefe do setor de investigações dos Carabinieri na cidade italiana de La Spezia.

O responsável pela apreensão disse que nenhum dos papéis bancários indica transações com paraísos fiscais.

A Folha tentou contato com Lorenzo Bergami, advogado de Pizzolato, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Na quinta-feira, a Folha revelou que as autoridades espanholas identificaram três contas conjuntas bancárias no país em nome de Henrique Pizzolato e de sua mulher, Andrea Eunice Haas. Quando foi preso, ele tinha 14 mil euros em espécie.S*

Além dos extratos e comprovantes de transferências, os policiais encontraram em Porto Venere dois cartões de crédito do Banco do Brasil em nome de Henrique Pizzolato, um pendrive, dois HDs externos de computador e dois CDs de dados. Não havia dinheiro vivo na casa.

O conteúdo dos arquivos digitais ainda é ignorado. Os equipamentos foram lacrados e só serão analisados após autorização da Justiça, de acordo com o capitão Ago.

INDICIAMENTO

Em Maranello, quando seu paradeiro foi descoberto, a polícia já havia apreendido dois notebooks e um tablet do petista.

A Interpol italiana já sinalizou que concorda em mandar os equipamentos encontrados em Maranello para o Brasil. Mas isso só pode ser feito se a Corte de Apelação de Bolonha, instância do Judiciário italiano em que correrá ação para extraditar o ex-diretor do BB para o Brasil, avalizar o envio.
Pizzolato foi indiciado em La Spezia por uso de documento falso, substituição de pessoa e falso testemunho a agente público.

Isso complica ainda mais sua situação legal na Itália. Ele já vai responder a uso de documento falso na Justiça de Modena _ ele estava com o passaporte do irmão morto no momento da prisão. A pena prevista por uso de documento falso chega a três anos de prisão.

Editoria de Arte/Folhapress

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