Folha de S. Paulo


MST faz cobrança pública por reforma agrária a ministro

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) fez uma cobrança pública por reforma agrária ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, durante evento do 6º Congresso Nacional do MST na noite desta segunda-feira (10).

Carvalho e outros integrantes do governo ligados à área agrária, como o presidente do Incra, Carlos Guedes, participaram da abertura de uma feira de produtos orgânicos de assentamentos do MST. Eles tiveram assento na mesa durante a cerimônia de abertura e ouviram críticas ao atual desempenho do governo Dilma Rousseff na área da reforma agrária.

"Esse modelo que aí está, baseado apenas no agronegócio, no agrotóxico e no financiamento da agricultura, está fadado ao fracasso. Vai levar o país ao fracasso. Por que não desenvolve o interior do país? Para fazer um novo modelo, é necessário primeiro a distribuição da terra e a reforma agrária", discursou Jaime Amorim, integrante da direção nacional do MST, e foi aplaudido.

Amorim disse ainda que o governo federal "tem uma dívida conosco" e dirigiu a palavra a Gilberto Carvalho. "Nós temos, ministro, cerca de 700 acampamentos com famílias que estão querendo produzir, estão querendo trabalhar na terra, estão querendo continuar sendo camponeses, e é isso que a gente reivindica", afirmou.

Ele cobrou também ao Incra que impeça a venda de terras da reforma agrária. "Tem que ter a tutela do governo para garantir que ele não possa vender", disse Amorim.

Mais cedo, durante entrevista coletivas de dirigentes do MST à imprensa, também foram feitas críticas ao governo Dilma, considerado pelo movimento o pior na reforma agrária.

Carvalho já havia discursado quando Amorim fez as cobranças, por isso não teve a chance de rebatê-las ao público do MST que acompanhava o evento. A estimativa do movimento é que o 6º Congresso Nacional, iniciado hoje, reuniu 15 mil integrantes.

Mais cedo, em entrevista à imprensa, Carvalho admitiu problemas no desempenho da reforma agrária sob a gestão Dilma. "O papel dos movimentos não é dizer 'amém' para o governo, tecer louvores, é cobrar cada vez mais. Eles têm toda razão. De fato não conseguimos andar o ritmo da reforma agrária como a gente gostaria, tivemos muitos problemas", afirmou.

Segundo ele, porém, a gestão petista no governo federal contribuiu para o "salto de qualidade" do MST. "Mas eles também reconhecem que esses programas de apoio governamental foram essenciais para esse salto de qualidade. Transformar o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil em órgãos que não financiaram apenas o agronegócio, mas financiaram a pequena agricultura, acho que foi um grande mérito. Mas eles têm que protestar porque falta muito mais", disse Carvalho.


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