Folha de S. Paulo


Lula critica atuação de ministros do STF

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a atuação dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão, ao discursar neste sábado (8) num evento organizado pelo PT em Ribeirão Preto.

"O grande papel de um ministro da Suprema Corte é falar nos autos do processo e não ficar falando para a televisão o que ele pensa. Se quer fazer política, entre num partido político e seja candidato, porque senão não tem lógica", declarou o ex-presidente, sem citar nomes.

Lula, que indicou quatro dos 11 ministros que compõem o STF hoje, afirmou que eles não deveriam usar o cargo para fazer política.

"Quando você indica alguém [para o STF], você está dando um emprego vitalício e o cidadão, se quiser fazer política, que diga: 'Não aceito ser ministro, vou ser deputado, vou entrar num partido político e mostrar a cara'. Mostre a cara", afirmou.

Sem citar os nomes de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, presos desde novembro do ano passado, Lula afirmou que PT "está sofrendo porque tem companheiros presos" e que se solidariza com todos eles.

"Se os companheiros erraram e tiver provas, eu tenho que pagar se tiver prova contra mim, a Marta [Suplicy] tem que pagar e cada um de vocês tem que pagar porque foi o nosso partido que não deixou sujeira debaixo do tapete. O que vale para nós tem que valer para todos", declarou o ex-presidente.

A Procuradoria-Geral da República pediu ontem ao STF que o deputado federal e ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), seja condenado a 22 anos de prisão e ao pagamento de multa de mais de R$ 2,2 milhões por participação no suposto esquema de corrupção durante sua campanha à reeleição para o governo mineiro, em 1998.

Pouco antes do discurso de Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, havia pedido um "julgamento justo" e com "direito a ampla defesa" para o adversário tucano.

"BICO DE PREDADOR"

O PT organizou um evento para cerca de 1.500 pessoas em Ribeirão Preto que se tornou uma espécie de lançamento oficial da pré-campanha de Padilha ao governo de São Paulo.

Padrinho político do ex-ministro, Lula falou pouco de Padilha em seu discurso mas disse que a campanha paulista não será fácil. Segundo ele, "os tucanos não brincam em serviço, porque ninguém tem um bico daquele tamanho à toa. É bico de um bicho predador, de comedor de filhotinho", disse o ex-presidente.

Com discurso de candidato e recorrendo a metáforas de futebol, predileção de Lula, Padilha afirmou que o evento marcava o dia em que "um time iria entrar em campo para o campeonato mais duro".

O ex-ministro ampliou as críticas aos tucanos que tem feito durante os dois primeiros dias de caravana pelo interior do Estado e disse que "tucano tem voo lento e não voa alto". "São Paulo precisa de uma estrela, porque os tucanos podem voar, voar, mas nunca vão alcançar nossa estrela", completou.

Diante da militância com faixas e bandeiras, Lula brincou com o fato de os dirigentes petistas falarem que a campanha ao governo paulista ainda começou. "Imagina então se fosse campanha". "Padilha está com tesão demais, está com brilho nos olhos de quem quer ganhar as eleições e acho que os tucanos vão ter uma surpresa bastante desagradável".

USINEIRO

Um grupo de militantes ligado à corrente O Trabalho, mais à esquerda do PT, levou uma faixa em que se lia "usineiro de vice não". A manifestação é contrária à indicação do empresário Maurílio Biagi para a vaga de vice na chapa de Padilha. Biagi se filiou recentemente ao PR com apoio de Lula e tem se reunido com o ex-presidente e o ex-ministro.

Entre as lideranças petistas, estavam presentes a ministra da Cultura, Marta Suplicy, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o senador Eduardo Suplicy, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente do diretório estadual do PT paulista, Emidio de Souza, e o deputado estadual e tesoureiro da pré-campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, Edinho Silva. Em seus discursos, todos mantiveram as críticas ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).


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