Folha de S. Paulo


Assembleia Legislativa de São Paulo gasta R$ 5,8 mi em 94 carros novos

A Assembleia Legislativa de São Paulo comprou 94 novos carros para os deputados estaduais por R$ 5,8 milhões sem se desfazer dos veículos atualmente em uso pelos parlamentares, que foram avaliados em R$ 2,9 milhões e seriam inicialmente usados como parte do pagamento.

Esta foi a terceira tentativa de renovação da frota do Legislativo desde novembro do ano passado. Nas duas tentativas anteriores, que fracassaram, a empresa vencedora da licitação seria obrigada a aceitar os veículos antigos como parte do pagamento, o que tornava a venda menos atrativa.

Na primeira tentativa, no início de novembro, o preço oferecido pela Renault, a única concorrente, foi considerado excessivo. Na segunda, no final do mês, não houve participantes. A Assembleia decidiu, então, excluir os veículos antigos da transação. Tentará agora vender os 94 carros que estão atualmente em uso em outro leilão, que deve acontecer depois da chegada dos novos veículos, em até 60 dias.

150 CARROS

A frota oficial da Assembleia tem 150 carros. Além dos 94 deputados, têm direito aos veículos as lideranças de partido, do governo e da minoria, as mesas diretora e substituta, além de alguns cargos de direção da Casa, como secretários-gerais, e o serviço de cerimonial.

A regulamentação sobre o uso dos carros pelos parlamentares é vaga. A norma diz apenas que os veículos podem ser usados no "transporte do parlamentar e demais pessoas por ele autorizadas no cumprimento de atividades parlamentares e protocolares".

Os carros atuais, do modelo Vectra, foram comprados em 2010, por R$ 8,9 milhões. Eles serão substituídos por Cruzes, também da Chevrolet. Cada modelo saiu por R$ 61.675 – R$ 58,3 mil pelo carro e R$ 3,4 mil por um pacote de sete revisões. A compra foi noticiada ontem pela coluna Painel, da Folha.

A Renault também participou do processo, que aconteceu na última terça-feira, mas, apesar de ter apresentado a proposta vencedora, foi inabilitada por não ter apresentado um documento exigido pelo edital. A Chevrolet, então, cobriu a proposta da concorrente. De acordo com a Assembleia, o valor pago pelos Cruzes representa economia de 27,1% em relação ao preço de tabela.

DIRECIONAMENTO

A renovação da frota oficial da Assembleia se arrastava desde o início de 2013, quando a Casa lançou um edital que foi alvo de montadoras e do Ministério Público de Contas e acabou cancelado por suspeita de direcionamento – apenas dois modelos cumpriam todas as exigências do certame.

Pelo primeiro edital, a Assembleia iria trocar todos os 150 carros, o que incluía automóveis praticamente novos, com menos de 1.000 quilômetros rodados. No final do ano passado, antes de lançar os novos editais, a Mesa Diretora estabeleceu normas para a troca dos carros, que agora devem ter cinco anos de uso ou 100 mil quilômetros rodados para que possam ser substituídos.


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