Folha de S. Paulo


Cinco índios são presos suspeitos de envolvimento em assassinatos no AM

Cinco índios da etnia tenharim foram presos ontem na região de Humaitá (AM) por suposto envolvimento no assassinato de três pessoas, em dezembro, informaram fontes policiais à Folha. Todos os presos foram levados em seguida a Porto Velho, a 200 km de Humaitá.

Entre os cinco presos estão o cacique Domiceno Tenharim, da adeia Taboca, onde as buscas pelos corpos se concentram, e dois filhos do cacique Ivan Tenharim, morto no início de dezembro após cair da moto –foi aberto um inquérito sobre o caso, ainda não concluído.

As prisões ocorreram na Terra Indígena Tenharim, em trecho da Transamazônica cerca de 130 km de Humaitá. Para a captura, a Polícia Federal comandou uma megaoperação com homens da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Exército e da Força Nacional.

Até a publicação desta notícia, não havia informações sobre se haviam sido encontrados os corpos do funcionário da Eletrobras Aldeney Salvador, do representante comercial Luciano Ferreira e do professor Stef de Souza.

HUMAITÁ

Os três viajavam juntos pela Transamazônica quando desapareceram em 16 de dezembro. No início do mês, a PF encontrou peças de automóvel queimadas na terra tenharim, mas o resultado da perícia não foi divulgado.

O desaparecimento dos três motivou protestos em Humaitá, que terminaram na depredação de carros e instalações da Funai, em 24 de dezembro. No dia seguinte, incendiaram postos de pedágios que os índios mantinha em trecho da Transamazônica que corta terras indígenas.

Uma das hipóteses com a qual a PF trabalha é de que os três teriam sido assassinados em retaliação à morte de Ivan. No início do mês, a família de Ivan disse à Folha que nunca achou que o cacique havia sido assassinado, mas que se acidentou.

A reportagem também entrevistou Domiceno, que permitiu a entrada na aldeia e nega qualquer envolvimento com os desaparecimentos. Na época, Domiceno disse que a PF o pressionou a dar os nomes dos supostos assassinos durante o interrogatório. "O delegado ficava pedindo pra eu escrever o nome do culpado e jogar na estrada", disse.

Em resposta, o Ministério da Justiça enviou uma força-tarefa para a região, inicialmente com cerca de 300 homens. A Folha tentou entrar em contato com o advogado dos tenharim, mas ele não foi localizado.


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