Folha de S. Paulo


PT do Rio define que sai do governo Cabral em 28 de fevereiro

O PT do Estado do Rio de Janeiro definiu neste sábado (18) que 28 de fevereiro será a data de desembarque da sigla do governo de Sérgio Cabral (PMDB).

Em reunião do diretório estadual petista, que contou com a presença do presidente nacional Rui Falcão e levou cerca de 200 pessoas ao auditório do Sindicato dos Bancários (centro do Rio), a cúpula definiu que o partido trabalhará pela candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao Palácio Guanabara.

Falcão está visitando os diretórios por todo o país para alinhavar os palanques regionais, mas a visita ao Rio se tornou mais importante porque crescia no PT fluminense a tese de que o partido deveria abandonar Cabral agora. No fim, prevaleceu a ponderação da cúpula nacional de que uma ruptura com o PMDB neste momento poderia ser vista como uma afronta, prejudicando os interesses da presidente Dilma Rousseff (PT) em nome da reeleição. Os peemebistas estão pressionando a presidente para conseguir mais um ministério na próxima reforma. O dirigente petista não quis falar sobre isso.

Falcão afirma que "o PT sairá do governo quando acha que tem de sair" e que a aliança nacional não pode ignorar questões locais, como no Rio Grande do Sul e em São Paulo, onde os parceiros no Planalto estarão em palanques diferentes.

"Não estamos rompendo com o PMDB. Como em outros Estados em que o PMDB tomou a iniciativa, estamos apresentando uma candidatura própria. Nossa expectativa é de que a aliança nacional siga avançando", assinalou Falcão.

A participação do PT no governo Cabral, porém, não será omitida, segundo Falcão. Pelo contrário. "Temos um legado que vamos defender como importante para a população fluminense. Da mesma forma que vamos defender os investimentos federais feitos aqui no Rio de Janeiro", afirmou o presidente nacional.

Atualmente, os petistas controlam duas pastas no governo de Cabral. O Ambiente, com Carlos Minc, e a Assistência Social e Direitos Humanos, com Zaqueu Teixeira. Conforme o presidente estadual do PT, Washington Quaquá, ao todo o partido tem entre 600 e 700 cargos no governo estadual.

Para o desembarque, o PT prepara uma agenda que inclui um encontro estadual, em 22 de fevereiro, que oficializará Lindbergh candidato, e um ato público em 23 de fevereiro, para reunir a militância no centro do Rio em aquecimento para a campanha.

Diante da pressão do PMDB nacional sobre os petistas para que Lindbergh saísse da disputa em nome do apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão, o senador do PT considerou a reunião deste sábado uma vitória. Em clima de campanha, com direito a abraços e dezenas de fotos com militantes, Lindbergh deu mostra do tom que usará na relação com o PMDB.

"A relação vai ser amistosa, mas dependendo muito do PMDB, que reiteradas vezes age de forma truculenta. O PMDB vai ter o candidato deles e nós vamos ter nossa candidatura. Nós não trabalhamos com a hipótese de aliança com o PMDB. São candidaturas em campos diferentes", disse.

O pré-candidato petista, que não vê possibilidade de uma aproximação, fez ainda uma análise do quadro eleitoral. Lindbergh acredita que, em um eventual segundo turno, seria o único candidato capaz de bater o ex-governador Anthony Garotinho (PR). Como argumento para o otimismo, ele citou as pesquisas eleitorais e a rejeição ao governo do PMDB. "Somos a força capaz de aglutinar um grande bloco para impedir a vitória do Garotinho. E a vitória do Garotinho, pra mim, seria um retrocesso para o Rio de Janeiro."


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