Folha de S. Paulo


Ex-diretor da CPTM menciona propina a agentes públicos

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor administrativo e financeiro da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) Benedito Dantas Chiaradia citou ter ouvido informações de que agentes públicos recebiam propina proveniente do cartel que atuava em licitações de trens no Estado.

No depoimento, ele afirmou que "ouviu comentários de pessoas que trabalhavam no setor metroviário" de que um lobista "intermediava a formação de cartéis no setor e viabilizava o pagamento de propinas para servidores da CPTM e do Metrô".

A informação foi publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Chiaradia também relatou não saber de valores recebidos pelo ex-diretor da CPTM Roberto Zaniboni, mas "que há uma lógica da circulação desse dinheiro dessas empresas offshore, o que leva a crer que Zaniboni possivelmente recebeu aqueles valores a título de propina".

O advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende Zaniboni, disse que seu cliente "jamais se reuniu com Chiaradia e desafia-o a provar que ele tenha adotado alguma conduta irregular na CPTM".

Até então, o único depoimento da investigação do caso que mencionava a existência de cartel era o do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer.

DEMISSÃO

Chiaradia falou à PF no dia 14 de novembro. Um mês depois, foi demitido do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

Em nota, o DAEE disse que Chiaradia foi afastado do cargo por estar sendo investigado pela Polícia Federal.

A advogada e filha do ex-funcionário do DAAE, Adriana Chiaradia, disse que ele se sente injustiçado. "Outros funcionários estão sob investigação e não foram demitidos", disse.

De acordo com Adriana, havia um acordo com o governo para que o contrato de trabalho de Chiaradia ficasse suspenso por um mês durante as apuração do caso, mas depois ele foi surpreendido por um telegrama com o aviso de sua demissão.

ALCKMIN

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (18), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou que exista relação entre a demissão de Chiradia do DAEE e seu depoimento prestado à Polícia Federal.

"Era um cargo de confiança do próprio DAEE e ele saiu. Nenhuma relação", disse o governador.

Questionado sobre o motivo da demissão, Alckmin respondeu: "Nem tinha conhecimento de que ele estava no DAEE. Não tem nenhuma razão específica".


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