Folha de S. Paulo


Em ato, João Paulo Cunha diz que reeleição de Dilma é 'fundamental'

O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) participa de ato organizado por aliados em Osasco
LEGENDA
O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) participa de ato organizado por aliados em Osasco

O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) afirmou nesta quinta-feira (16) que a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014 é "fundamental" para os petistas condenados no processo do mensalão.

"Para nós, da Ação Penal 470 [mensalão], eu, José Dirceu, José Genoino e o companheiro Delúbio Soares, é fundamental ganhar a eleição porque queremos mostrar que toda essa armação em torno da nossa ação penal é política", disse o petista durante ato de desagravo organizado por aliados em Osasco (SP), seu reduto eleitoral.

Condenado a 9 anos e 4 meses de prisão por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato, João Paulo aguarda a expedição de seu mandado de prisão pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, que saiu em férias na semana passada sem assinar o mandado.

"Joaquim Barbosa é cruel. Acha que não tenho mãe, mulher, filhos? Acha que sou um bandoleiro que anda pelo Brasil?", criticou o deputado.

Ao dizer que está "preparado" para se apresentar à Polícia Federal "de cabeça erguida", João Paulo recorreu ao bom humor e disse que não pretende "dividir a escova de dentes com Delúbio" e que os correligionários presos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, afirmaram que "tem um lençol sobrando".

O deputado disse ainda que o segundo mandado de Dilma precisa "ser melhor que o primeiro" e que a presidente deve "fazer uma reforma agrária para valer". "Não podemos acelerar os juros e depois fazer os juros voltarem [a crescer]", criticou.

Em sua defesa, João Paulo disse que o mensalão "não foi o maior escândalo político ou financeiro que já existiu na história do Brasil". "É mentira que houve desvio de dinheiro público e votações orquestradas na Câmara", afirmou.

"Esse sofrimento tem que valer de alguma coisa", disse o deputado durante discurso de 40 minutos em que pediu para que amigos e familiares escrevam cartas para ele enquanto estiver preso. "Quero que vocês fiquem firmes aqui fora. E se alguém acha que vou parar, pode tirar o cavalo da chuva. A luta continua".

ATO

O ato de desagravo a João Paulo Cunha contou com cerca de 300 pessoas. Durante o evento foi relançada a revista "A verdade, nada mais que a verdade", organizada pelo petista e seus aliados, e que contesta sua participação no esquema de corrupção.

Uma das filhas de Dirceu, Joana, compareceu ao ato. "Mesmo preso, meu está lutando como pode para provar sua inocência", disse. "A gente acredita que essa história vai ser contada pelo PT com orgulho lá na frente".

Filhos do ex-presidente do PT José Genoino, que cumpre pena desde novembro pelo mensalão, Ronan e Miruna enviaram um vídeo de solidariedade a João Paulo.

"Não tenho dúvidas sobre o seu caráter", disse Ronan durante o vídeo. "Viemos aqui trazer nosso abraço e dizer que a verdade vai aparecer", completou Miruna.

Estavam presentes ainda o presidente do diretório estadual do PT de Osasco, José Pedro, os deputados federais Carlos Zarattini (PT-SP), Devanir Ribeiro (PT-SP), Newton Lima (PT-SP) e José Mentor (PT-SP), além de prefeitos e vereadores de cidades próximas à capital paulista.

Em seus discursos, os deputados afirmaram que irão "lutar para que João Paulo não perca seu mandato de deputado federal".

POUCOS PETISTAS

Nenhum petista da alta cúpula do partido compareceu ao ato e uma das dirigentes do diretório estadual do PT-SP disse que "muita gente que deveria estar aqui não está". "É inadmissível que o PT não esteja todo na rua defendendo isso", criticou.


Endereço da página:

Links no texto: