Folha de S. Paulo


Retrospectiva: Condenados no esquema do mensalão vão para a cadeia

Na política, 2013 ficará marcado como o ano em que parte da cúpula do partido que estava no poder foi para a cadeia. Esse é um fato raro em qualquer país do mundo. No Brasil, mais ainda.

Já houve deputado cassado. Senador perdendo o mandato. Até presidente da República enfrentando um processo de impeachment. De vez em quando um figurão como Paulo Maluf acabava passando um período preso, para em pouco tempo voltar a ser solto.

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O fato é que nunca os grandes dirigentes de uma agremiação política que estava no poder haviam sido julgados, condenados e começado a cumprir pena de maneira irrecorrível. No mensalão, essa é a principal imagem que marca o mundo político em 2013.

O poderoso José Dirceu, ex–deputado e ex-ministro da Casa Civil, foi para a cadeia. Não há como escolher palavras diferentes. Ele está preso e assim ficará nos feriados de final de ano. No Carnaval. Na Páscoa. E assim por diante até cumprir sua pena, de 10 anos e 10 meses de prisão.

O brasileiro gostou do que assistiu. Para 86% dos que responderam a pesquisa do Datafolha em novembro, foi correta a atitude do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, de começar a mandar prender mensaleiros no dia da Proclamação da República.

Naquele 15 de novembro, os petistas e outros envolvidos, até a dona de um banco, foram se apresentando à Polícia Federal. No dia seguinte, viajaram algemados num avião da PF. Em seguida, foram para celas no complexo penitenciário da Papuda.

Nos primeiros dias, receberam tratamento diferenciado na comparação com os outros presos. Alguém pediu pizza, que foi entregue no presídio. Familiares e políticos entravam no local fora do horário de visita. Logo tudo se equalizou. Hoje, quase já não existe mais preso "padrão mensalão" e preso comum.

Passadas as prisões, a pergunta que todos se fazem em Brasília é se haverá menos corrupção no poder após as punições do mensalão. Ninguém tem como responder a essa pergunta com precisão.

O que é possível afirmar com alguma segurança é que a opinião pública apoia quando um político é julgado ao ser acusado por atos impróprios. E mais ainda quando vem a condenação, e o culpado vai para a cadeia.


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