Folha de S. Paulo


Retrospectiva: O ano em que o país foi às ruas

Então acaba 2013, o ano em que o #giganteacordou, para ficar na novilíngua da mesma internet que imprimiu dúvidas sobre como entenderíamos o que era aquele povo todo nas ruas, apenas para voltar a dormir –até quando?

O ano nos forneceu material para abusar daquele clichê: "histórico". Muito do que se passou nesses 365 dias ainda dará o que falar, e, como diz o ditado, "imagina na Copa" que está logo ali. As manifestações de rua, que começaram como protestos contra o aumento da passagem de ônibus, moldaram a percepção política do ano.

Confira os principais acontecimentos do ano
Jornalistas da Folha falam do ano que acaba e do próximo

Após milhões irem às ruas e os poderes constituídos tomarem tombos de popularidade e banhos de marketing para ensaiar discursos, a coisa refluiu. Um fenômeno novo, os radicais black blocs, tomou protagonismo com vandalismo, mas também vira o ano em estado de suspensão.

Nenhum político conseguiu capturar a demanda por mudança, apesar da tentativa frustrada de Marina Silva de fundar seu partido só para cair no colo do emergente Eduardo Campos (PSB), e respostas convencionais como os "cinco pactos" propostos pela presidente Dilma Rousseff acabaram dando o tom.

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A recuperação parcial da popularidade da presidente, candidata à reeleição, mostra que talvez a estratégia tenha dado certo. A reforma política naufragou, mas ao tirar da prateleira o programa Mais Médicos, o governo ganhou um trunfo eleitoral.

Assim como foi auxiliado pelo escândalo revelado pelo dedo-duro Edward Snowden, de que os EUA espionavam Deus e o mundo –e Dilma, que cancelou o que seria uma histórica (ops, clichê) visita de Estado a Washington e, de quebra, acabou com as chances dos americanos na concorrência dos caças –vencida pelos suecos.

O ano viu abatidos nomes consolidados, como o do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), e fragilizou novidades, como o prefeito Fernando Haddad (PT-SP). Por fim, 2013 acaba sob o signo da punição aos condenados no julgamento do mensalão.

A cúpula do PT que trouxe Lula ao poder, José Dirceu à frente, passa o fim do ano na cadeia. Com o caso do cartel dos trens de SP e DF em apuração, a oposição nem teve tempo de festejar. O ano novo está à porta, mas 2013 ainda vai estar presente por um bom tempo.


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