Folha de S. Paulo


PF diz que família de senador não tem ligação com droga

A Polícia Federal decidiu pedir a prorrogação do inquérito que apura o tráfico de quase meia tonelada de pasta-base de cocaína apreendida no helicóptero de uma empresa da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG).

Apesar de mais 30 dias de investigação pedidos à Justiça Federal e de desconhecer a origem da droga, a PF descarta completamente o envolvimento do senador e também de seu filho, o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD).

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"Pará nós, essa questão [envolvimento dos Perrella] está encerrada", disse à Folha o delegado Leonardo Damasceno, que apura o caso.

No último dia 12, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia ironizado o episódio envolvendo Perrella --que é aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG): "Se for comparar o emprego do Zé Dirceu [no hotel em Brasília] com a quantidade de cocaína no helicóptero, a gente percebe que pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto", disse ele no 5º Congresso do PT, em Brasília.

Os 445 kg de droga foram apreendidos em 24 de novembro no Espírito Santo. A droga foi achada no helicóptero da Limeira Agropecuária, que tem como um dos sócios o deputado Gustavo Perrella.

Além de ser dono do helicóptero, que serve também ao pai, Gustavo havia contratado o piloto da aeronave como funcionário da confiança dele na Assembleia de Minas.

O piloto Rogério Antunes negou, em depoimento à PF, o envolvimento de seus patrões no tráfico. Para a PF, ele agiu de forma "isolada".

Segundo o delegado, o que possibilitou excluir os Perrella do rol de suspeitos foram as perícias nos celulares dos presos --Antunes, o copiloto e outros dois homens.

"As conversas entre eles mostraram isso [o não envolvimento dos Perrella]. São muitas mensagens de SMS e todo tipo de comunicação permitida pelos celulares que foram periciados", disse Damasceno.

A PF diz que no fim de semana em que a droga foi apreendida, em Afonso Cláudio (ES), a aeronave esteve no Paraguai. A suspeita é que a droga venha do país vizinho, mas a PF não fala sobre isso.

"A gente está com diligências em andamento", disse o delegado. Do Paraguai, o helicóptero passou pelo Paraná e desceu em algum lugar da região de Avaré (SP).

Nessa região paulista a droga teria sido deixada, e o helicóptero foi levado para pernoitar em São Paulo.

No dia seguinte, a aeronave foi abastecida no Campo de Marte, em São Paulo, e decolou para pegar a droga novamente no local "em frente a Avaré", descreveu Antunes.

A aeronave fez outro abastecimento em Divinópolis (MG) antes de ser apreendida. Todos os abastecimentos foram feitos em aeroportos ou pontos clandestinos.


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