Folha de S. Paulo


Ao lado de Marina Silva, Eliana Calmon faz 'filiação simbólica' à Rede

Na véspera de formalizar a sua filiação ao PSB para disputar o Senado pela Bahia, a ex-corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon participa nesta quarta-feira (18), em Salvador (BA), de um ato simbólico de filiação à Rede Sustentabilidade.

Idealizada pela ex-senadora Marina Silva, a Rede se uniu ao PSB em outubro após ter seu registro negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O evento tem como objetivo marcar a posição da ex-ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça), cuja aposentadoria foi oficializada nesta quarta, e sinalizar que ela construirá seu caminho político ao lado de Marina. A ex-senadora participa do evento, marcado para as 19h30 (horário de Brasília) de hoje, e que também terá a presença do governador de Pernambuco e provável candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos.

Amanhã, Eliana vai se filiar oficialmente ao PSB, em outro ato marcado em Salvador. Inicialmente pensado como um encontro apenas da militância da Rede na Bahia, o ato ganhou proporção e deve atrair amigos e aliados da ex-ministra, que ganhou visibilidade ao combater irregularidades no Judiciário.

O local escolhido para sua realização --um cerimonial em frente ao Fórum Ruy Barbosa, principal do Estado-- deve garantir forte presença da classe jurídica. Será candidata ao Senado. Calmon, que ganhou notoriedade em 1999 quando se tornou a primeira mulher a ingressar no STJ, voltou aos holofotes em 2010 como corregedora nacional de Justiça.

Reprodução
Convite para a cerimônia de filiação da ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, ao PSB
Convite para a cerimônia de filiação da ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, ao PSB

ADVERSÁRIOS

A presença de Eliana Calmon nas eleições majoritárias já provoca reações no meio político baiano. Na terça-feira (17), o provável candidato petista à sucessão do governador Jaques Wagner (PT), o secretário estadual da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a ex-ministra é apresentada como novidade, mas "ninguém pode dar um cavalo de pau na vida pública apresentando-se [ao eleitor] sem ter uma história".

Segundo Costa, Eliana construiu sua carreira no Judiciário e fora da Bahia. E fez um contraponto com o vice-governador, Otto Alencar (PSD), que deverá ser o candidato ao Senado na chapa petista: "Quem escolheu cuidar de gente, cuidar dos mais pobres, vai ser reconhecido pela população".

O coordenador da Rede na Bahia, Júlio Rocha, que foi filiado ao PT por mais de 20 anos, preferiu não polemizar: "Foi só uma provocação. Mas acho que ele tem com o que se preocupar mesmo: teremos candidatas competitivas ao governo e ao Senado".

Além de Otto Alencar, Eliana Calmon deverá concorrer pela única vaga para o Senado em disputa com o ex-governador Paulo Souto (DEM) ou o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).

SEM TRAUMAS

Possível candidata ao governo da Bahia pelo PSB, a senadora Lídice da Mata diz que vê com naturalidade a posição marcada por Eliana Calmon e classificou a relação com a Rede como "a melhor possível". Rocha faz coro e destaca que o ato de filiação desta quarta "faz parte do processo de reconhecimento da Rede como partido".

A Bahia, assim como o Distrito Federal, será um dos Estados em que a parceria entre PSB e Rede se dará sem traumas. Em outras disputas estaduais, porém, a Rede e o PSB poderão seguir caminhos opostos, caso os socialistas fechem alianças com candidatos a governador ligados ao senador Aécio Neves (PSDB) ou à presidente Dilma Rousseff (PT). Campos negocia acordos com nomes do PSDB em ao menos seis Estados e com candidatos petistas em outros dois.


Endereço da página:

Links no texto: