Folha de S. Paulo


Governo do PI fala em recorde de obras, mas investe menos em saúde

Após começar a gestão em contenção de despesas, o governo do Piauí anuncia um "número histórico" de obras no Estado e culpa o PT pela "situação financeira difícil" encontrada ao assumir.

A expressão sobre o governo anterior é do governador Wilson Martins (PSB), que foi vice em metade dessa mesma gestão (2007-2010), do então governador e hoje senador Wellington Dias (PT).

A relação entre as siglas esfriou desde a saída do PSB da base aliada do governo federal, há três meses. Com o caixa vazio que diz ter encontrado, o governo cortou 50% dos gastos com custeio, e o aperto se estendeu por 2011, que Martins classifica como o "pior ano" para o Estado.

"Procuravam dizendo que não tinha combustível, telefone nem papel. Foram dias difíceis, mas conseguimos superar", disse o secretário da Fazenda, Silvano Alencar.

O arrocho incluiu a adoção de um teto salarial de R$ 17,8 mil no Executivo, valor do vencimento do governador.

Ainda assim, as despesas com pessoal subiram (puxadas por 16 novos planos de carreira no funcionalismo) e atingiram 45,2% da receita em agosto deste ano –perto do limite de alerta de 46,5%.

Francisco Leal/Secom
O governador Wilson Martins (2º da dir. para a esq.) inaugura trecho de estrada no Piauí
O governador Wilson Martins (2º da dir. para a esq.) inaugura trecho de estrada no Piauí

Passado o período de vacas magras, o governo reduziu sua dívida e ganhou fôlego para investir –a previsão de 2013 era aplicar 144% a mais do que em 2011. No mês passado, a gestão anunciava 668 obras em curso, o "maior índice da história" do Piauí.

A oposição rebate e diz que Martins vai mal em saúde e habitação. "O governo prometeu continuar a gestão do PT e destruiu programas sociais", afirma o deputado estadual Cícero Magalhães (PT).

Médico de formação, Martins prometeu ser o "governador da saúde", mas os gastos na área caíram para 10,4% da receita em 2013 –abaixo do mínimo legal de 12%. A Fazenda estadual reconhece isso, mas diz que o índice chegará a 15% até o final do ano.

A gestão também foi alvo de críticas em 2012 após a mulher de Martins, que era deputada estadual e secretária da Saúde do Estado, ser eleita conselheira do Tribunal de Contas, órgão fiscalizador do uso de verbas públicas.

A primeira-dama se disse credenciada ao cargo, e o governo se isentou de responsabilidade pela indicação –aprovada pela Assembleia.

Sem poder disputar a reeleição, pois assumiu o governo em abril de 2010, quando era vice de Wellington Dias, Martins é cotado para o Senado. Wellington Dias deve disputar o governo pelo PT. Outro candidato ao governo deve ser Sílvio Mendes (PSDB), ex-prefeito de Teresina.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página: