Folha de S. Paulo


Manifestantes distribuem sacos de farinha no Senado e pedem CPI do caso Perrella

Cerca de dez manifestantes fizeram um protesto nesta terça-feira (10) dentro do Senado para pedir a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o senador Zezé Perrella (PDT-MG). O grupo quer que a comissão apure se o senador tem envolvimento no episódio em que o helicóptero de sua família foi apreendido com 445 kg de pasta base de cocaína.

Os jovens abriram uma faixa, próximo à entrada principal do plenário da Casa, com os dizeres: "Esse pó não pode ir para debaixo do tapete. CPI já". O grupo também distribuiu saquinhos com farinha de trigo, numa alusão ao pó de cocaína apreendido por policiais no helicóptero dos Perrella.

Helicóptero da família Perrella apreendido com droga esteve no Paraguai, diz PF

Os manifestantes também protestaram contra o PSDB com gritos de que o "pó" apreendido no helicóptero financiaria campanha de políticos da oposição. "Sou brasileiro, eu não me engano. A cocaína financia os tucanos", gritou o grupo.

Pedro Ladeira/Folhapress
Manifestantes distribuem saquinhos com farinha, aludindo à cocaína apreendido por policiais no helicóptero dos Perrella
Manifestantes distribuem saquinhos com farinha, aludindo à cocaína apreendido por policiais no helicóptero dos Perrella

Apesar de negarem que o ato tenha vínculo partidário, pelo menos dois dos manifestantes estiveram semana passada em frente à Penitenciária da Papuda, em Brasília, para protestar em favor dos condenados do mensalão que estão presos no local.

Em nenhum momento os manifestantes criticaram o mensalão. Eles também pediram investigações sobre o suposto cartel do metrô em São Paulo que teria o envolvimento de políticos do PSDB.

"Os movimentos sociais pedem a investigação do caso Perrella, isso não pode passar em branco. Também queremos que o caso da máfia do metrô de São Paulo seja investigado", disse José Augusto Peixoto, um dos manifestantes.

O protesto durou cerca de dez minutos até seguranças do Senado retirarem o grupo do Salão Azul, onde fica localizado o gabinete do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Eles foram levados para fora do Senado e tiveram as faixas e os saquinhos de pó apreendidos pelos policiais.

Houve um princípio de tumulto e bate-boca dos manifestantes com os policiais legislativos, mas o protesto acabou sem agressões.

HELICÓPTERO

Na semana passada, Zezé Perrella subiu à tribuna do Senado para negar qualquer envolvimento no episódio do helicóptero. Ao defender o filho, o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), Zezé disse que sua família "não precisa da política" para viver e que vai comprovar que o piloto da aeronave agiu sozinho ao transportar a droga.

Perrella admitiu que o filho usou R$ 14 mil da sua verba indenizatória para abastecer a aeronave ao longo de um ano, mas disse que a ação é legal, prevista pelo regimento da Assembleia de Minas --e que o valor é irrisório para a família, que é dona de empresas no Estado.

O senador repetiu a versão apresentada por Gustavo Perrella sobre o episódio. Disse que o filho autorizou o piloto da aeronave, Rogério Almeida Antunes, a voar para fazer um frete de passageiros de Belo Horizonte para São Paulo, mas que ele desviou a rota para abastecer a aeronave com a droga --sem o filho ter conhecimento do ato ilícito. Também disse que o piloto não comunicou a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre o voo.

O senador classificou o piloto de "famigerado" e agradeceu a Deus por ele ter sido preso após o episódio. Segundo Perrella, o próprio piloto reconheceu que Gustavo não tinha conhecimento do transporte da droga --e que ele receberia R$ 60 mil pelo transporte ilegal.


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