Folha de S. Paulo


Oposição quer convocar Carvalho e Tuma Jr. para explicações sobre dossiês

A oposição quer convocar o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e convidar o delegado Romeu Tuma Júnior, ex-secretário nacional de Justiça, para prestarem depoimentos no Congresso sobre o "livro bomba" em que Tuma Jr. acusa o PT e o próprio ministro de fabricarem dossiês contra oposicionistas.

O DEM apresentou nesta segunda-feira (9) pedidos de convocação de Carvalho nas comissões de Segurança Pública e Fiscalização e Controle da Câmara. Já o PSDB vai pedir, na Câmara e no Senado, que Tuma Jr. seja convidado a explicar as denúncias reveladas no livro de sua autoria.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pediu que o delegado seja convidado a comparecer para se explicar à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. "Não podemos apenas ficar assistindo as denúncias. É nosso dever ouvi-lo. Certamente, pela ousadia demonstrada no livro, ele não recusará o convite. Mas como atinge o PT frontalmente, temos consciência de que o governo vai tentar blindar a aprovação desse convite", afirmou Dias.

Na Câmara, o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), deve protocolar ainda nesta segunda um requerimento na Comissão de Segurança Pública para ouvir Tuma Jr. sobre as acusações contra o governo Lula. A comissão tem uma composição mais equilibrada entre governistas e oposicionistas.

Para o líder do PSDB, a entrevista de Tuma Jr. foi "esclarecedora e estarrecedora". "O ex-secretário Tuma Jr., que fez parte do alto escalão do governo Lula por três anos, confirmou tudo aquilo que sempre denunciamos: a fábrica de dossiês petista, o até hoje obscuro assassinato político do prefeito Celso Daniel e a existência de uma conta no exterior para onde foram enviados os recursos do mensalão, entre outras afirmações graves", disse Carlos Sampaio.

DOSSIÊS

Reportagem da revista "Veja" afirma que Tuma Jr., em seu livro "Assassinato de Reputações", diz que recebeu "ordens" para produzir e esquentar dossiês contra adversários do governo do PT no período em que foi chefe da Secretaria Nacional de Justiça --entre os anos de 2007 e 2010.

O delegado afirma no livro que as ordens vinham do Palácio do Planalto, Casa Civil e do próprio Ministério da Justiça. A secretaria ocupada por Tuma Jr. é vinculada ao Ministério da Justiça.

No livro, o delegado diz ainda que o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel foi um crime político e que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) foram grampeados ilegalmente pela Polícia Federal e Abin (Agência Brasileira de Inteligência), em 2007.


Endereço da página:

Links no texto: