Folha de S. Paulo


PF deve investigar o mais rápido possível, diz ministro sobre cartel em SP

Questionado se as investigações sobre fraudes em licitações de trens em São Paulo devem terminar antes das eleições do próximo ano, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que "o papel da Polícia Federal é investigar o mais rápido possível".

"O momento em que vai terminar não deve ser associado a disputas eleitorais. [A apuração] deve terminar o mais rápido possível, mas sem comprometer a seriedade das investigações", disse logo após mais de cinco horas de audiência na Câmara dos Deputados para tratar do tema nesta quarta-feira (4).

Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, escuta as colocações do deputado José Aníbal (PSDB-SP), em audiência pública
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, escuta as colocações do deputado José Aníbal (PSDB-SP), em audiência pública

Deputados da oposição voltaram a criticar a conduta do ministro, que repassou para análise da Polícia Federal um conjunto de documentos com denúncias envolvendo políticos tucanos de São Paulo.

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Segundo Cardozo, a papelada lhe foi entregue pelo deputado estadual petista Simão Pedro em maio e, imediatamente, foi remetida para apuração da Polícia Federal, que está subordinada ao Ministério da Justiça.

"A denúncia é de maio e, coincidentemente, foi vazada na semana da prisão do Zé Dirceu e do Genoino [em novembro]. Que coincidência, senhor ministro! A denúncia é de maio, não acontece nada em maio, junho, julho, agosto. Prende o Zé Dirceu, vem a denúncia da Siemens. O vazamento ocorreu na semana da prisão. Ninguém está se utilizando do cargo, não é senhor ministro", disse Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara.

Nesta quarta, deputados do PSDB e o ministro da Justiça reeditaram a troca de acusações em torno das investigações sobre as suspeitas de fraude em licitações no metrô de São Paulo durante os governos dos tucanos.

Citado na lista de políticos envolvidos no suposto esquema ainda em análise pela PF, o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal (PSDB), acusou o ministro de jogar lama sobre sua reputação e o desafiou a processá-lo.

"Quanto tempo vai levar isso [a investigação], Essa desgraça? Não me ameace com processo, ministro, faça. Eu disse o que eu achava do seu comportamento inadequado e continuo a dizer. Queria essa investigação limpa, transparente."

O tucano se licenciou por dois dias do governo de Geraldo Alckmin só para retomar seu mandato de deputado e poder confrontar o ministro, que participou de audiência pública na Câmara.

Depois da audiência, Cardozo afirmou que já assinou a procuração para processar Aníbal civil e criminalmente.

Na reposta ao secretário de Alckmin, Cardozo negou ter feito ameaças. "Um ministro não pode ser chamado de quadrilheiro. Fiz não para ameaçar, tolher sua liberdade de expressão, fiz porque não posso permitir que o ministro da Justiça seja injuriado."

Tucanos acusam o ministro de usar politicamente a Polícia Federal, insinuando que o vazamento dos papéis atribuídos ao ex-executivo da Siemens ocorreu como forma de encobrir o impacto das prisões de petistas no caso do mensalão.


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