Folha de S. Paulo


Ministro diz não ver com bons olhos suspeita sobre hotel em que Dirceu quer trabalhar

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, afirmou nesta quarta-feira (4) que, como cidadão, "não vê com bons olhos" a informação de que o presidente da firma que administrava o hotel Saint Peter, que ofereceu emprego ao ex-ministro José Dirceu, é um auxiliar de escritório de uma empresa de advocacia do Panamá.

Segundo reportagem apresentada ontem no "Jornal Nacional", o panamenho teria outras mil firmas ligadas ao seu nome, levantando suspeita de que se trata de um laranja. "Não chego a julgar o caso porque não está retratado em um processo, mas, como cidadão, não vejo com bons olhos", disse o ministro, após ser homenageado pela Câmara com medalha do "Mérito Legislativo".

Questionado se alguém ligado ao ex-ministro deveria se manifestar sobre o caso, Marco Aurélio disse que cabem explicações à sociedade. "Todos nós devemos contas à sociedade e cada qual adota a postura que é conveniente", afirmou.

Condenado no mensalão, Dirceu começou a cumprir sua pena no dia 15, tendo direito ao regime semiaberto, em que pode deixar a cadeia durante o dia para trabalhar. Devido a isso, sua defesa apresentou ao Supremo proposta de emprego no Saint Peter, em Brasília, com salário de R$ 20 mil por mês.

Roberto Jayme-12.set.2013/UOL
Ministro Marco Aurélio Mello diz não ver com bons olhos suspeita sobre hotel Saint Peter
Ministro Marco Aurélio Mello diz não ver com bons olhos suspeita sobre hotel Saint Peter

SAINT PETER

Segundo o "Jornal Nacional", a Truston International Inc, que administrava até ontem o Saint Peter, é presidida por José Eugênio Silva Ritter, identificado como auxiliar de escritório. O prédio do hotel pertence ao empresário Paulo Abreu, que também atua no ramo das telecomunicações e é irmão de José de Abreu, ex-deputado e presidente nacional do PTN, e ao empresário Paulo Naya.

Marco Aurélio disse ainda que há uma "confusão" sobre o regime semiaberto. "Está havendo confusão entre regime semiaberto e aberto. No regime aberto, há o direito do reeducando, e esperamos que todos sejam reeducados, no sentido de trabalhar durante o dia e pernoitar à noite. No semiaberto, as saídas dependem de autorização e não podem ser saídas continuadas e de forma linear", completou.

Em relação à renúncia do ex-deputado José Genoino (PT-SP) que entregou o mandato para escapar do processo de cassação, Marco Aurélio disse que é um "direito, uma escolha política que não passa por nenhum crivo". "A renúncia é um ato espontâneo, voluntário, que não passa por nenhuma glosa", afirmou.


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