Folha de S. Paulo


Investigada por explorar prostituição, Jeany planejava se mudar para o Rio

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a operação Red Light (luz vermelha), que apura o agenciamento de garotas, garotos e travestis para prostituição, antes que uma das principais investigadas se mudasse de Brasília.

Segundo a polícia, Jeany Mary Corner e o marido dela, ambos presos nesta segunda-feira (2), tinham marcado viagem para esta semana. As investigações indicam que eles passariam em São Paulo para, em seguida, se estabelecerem definitivamente no Rio de Janeiro.

A delegada Ana Cristina Melo afirma que Jeany falava em "sair dessa vida".

Acusada de explorar a prostituição, ela tem uma das agendas de contatos mais temidas de Brasília e fez fama promovendo festas para políticos e empresários. Mas, nos últimos tempos, perdeu espaço para outra investigada, Vilma Aparecida, diz a delegada.

Jeany foi um dos pivôs do escândalo que derrubou Antônio Palocci do Ministério da Fazenda em 2005, no governo Lula. Jeany teria organizado festas em um imóvel frequentado pelo então ministro e que chegou a ser apelidado de "casa do lobby".

No auge do mensalão, na condição de testemunha, ela entregou a própria agenda, com capa da personagem Pequena Sereia, aos investigadores. Os nomes dos clientes, contudo, nunca vieram à tona. Jeany também não foi investigada e nunca havia sido presa.

PRISÕES

Em outubro deste ano, a polícia pediu e o Ministério Público deu parecer favorável à prisão de dez pessoas acusadas de lucrar com a prostituição de luxo na capital federal, dentre elas, Jeany Mary Corner.

O juiz Evandro Neiva de Amorim, da 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, contudo, esperou ouvir todas as escutas antes de autorizar que os investigados ficassem, a princípio, cinco dias presos.

Na última sexta (29), as prisões foram autorizadas e a polícia deflagrou a operação ontem, antes que Jeany deixasse a cidade. Um dos suspeitos, Geovani Nunes, está foragido.

Foram apreendidos 24 carros, joias, agendas e comprovantes de depósitos bancários, que ainda estão sendo analisados pela polícia. A delegada do caso não descarta pedir a prorrogação da prisão dos investigados.

O advogado de Jeany e de outros três investigados, Rodolfo Arcoverde, afirmou que ainda analisa o processo para tentar soltar seus clientes. Ele não comenta o teor das apurações da polícia.

PADARIA

Há pelo menos três anos, Jeany reafirma a pessoas próximas que sua vida nunca foi mais a mesma desde o escândalo do mensalão.

Ela até apareceu como sócia de uma padaria numa cidade do interior de Goiás, a cerca de 50 quilômetros de Brasília. Ao registrar a Panificadora Corner, em 2008, declarou que optou por Cidade Ocidental (município com cerca de 56 mil habitantes) por não ter dinheiro para abrir uma padaria em Paris ou Nova York.

Natural do Crato (CE), ela foi expulsa de casa depois de ser flagrada com um namorado. Foi rodomoça e passou por São Paulo e Rio de Janeiro antes de promover festas na capital federal. Durante o interrogatório de ontem, Jeany permaneceu em silêncio.


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