Folha de S. Paulo


Para presidente da Câmara, Casa viveu dia 'constrangedor' com a renúncia de Genoino

Em reunião com os líderes partidários, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta terça-feira (3) que a Casa viveu "um dia difícil" e "constrangedor" com a renúncia do mandato por José Genoino (PT-SP).

Segundo relatos de parlamentares que estiveram no encontro, Henrique Alves explicou como ocorreu a renúncia na reunião da Mesa Diretora que discutia a abertura do processo de cassação do mandato do petista pela condenação no mensalão. Os líderes não teriam feito comentários sobre a saída.

A cúpula da Câmara se encontrou no início da tarde para debater se abriria ou não o processo de cassação de Genoino, que está preso desde o dia 15 de novembro. Após os integrantes começarem a votar a abertura da perda de mandato, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-RS), vendo que o partido perderia, interrompeu a votação e apresentou a carta de renúncia.

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O pedido de saída foi lido em plenário e a renúncia será publicada amanhã no Diário Oficial da Câmara. O PT trabalhava para que Genoino fosse aposentado por invalidez antes da abertura do processo de cassação. O argumento era que um parlamentar afastado de suas funções não pode ser processado.

A maioria da cúpula da Câmara entendeu que essa justificativa não cabia. Apesar da renúncia, o pedido de aposentadoria por invalidez continuará a ser avaliado. Atualmente, ele já recebe uma aposentadoria da Câmara de R$ 20 mil, por tempo de serviço.

No encontro com os líderes, o presidente da Câmara afirmou que a renúncia foi recebida com tristeza. De acordo com líderes, Genoino, mesmo condenado no mensalão, conta com prestígio entre seus pares e tem uma história na Casa que é respeitada.

"É um direito dele renunciar, é um gesto óbvio de um deputado que já está condenado", afirmou o líder do PSB, Beto Alburquerque (RS).

Preso desde o dia 15 de novembro, o deputado licenciado José Genoino decidiu nesta terça-feira (3) renunciar ao mandato. A informação foi confirmada pelo deputado Márcio Bittar (PSDB-AC).

Em carta, Genoino, 67, ainda destaca que dedicou 25 anos à Câmara dos Deputados e mais de 45 anos de luta em prol da defesa intransigente do Brasil, da democracia e do povo brasileiro. "Sempre lutei por ideias e jamais acumulei patrimônio ou riqueza" e que " a razão de ser da minha vida é a luta por sonhos e causas ao longo dos últimos 45 anos, reitero que entre a humilhação e a ilegalidade prefiro o risca da luta", destacou Genoino.


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